quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Toda a diferença .... em 2011!

Eu acho mesmo que a disposição que a pessoa tem de lutar pelo que lhe faz feliz determina quem ela é, simples assim. Lutar pela felicidade não é fácil, muito antes pelo contrário. No mais das vezes, implica tomar o caminho mais difícil, abandonar o conforto do seguro e certo e decidir enfrentar obstáculos, situações imprevisíveis, críticas ferozes, repressão. Implica fazer escolhas, se posicionar, defender suas opções, lastreá-las nos valores que acreditamos e podemos defender, inclusos aí o valor do próprio desejo, da busca do que se quer a despeito das convenções, necessidades ou exigências alheias. Implica ser capaz de saber o que se quer e ter forças para tentar. Implica, também, é claro, acreditar que se é capaz de conseguir, ou obviamente jamais se trocaria o que se tem pela certeza de um insucesso, ou pelo acachapante terror de que isso aconteça. Portanto ser feliz depende de confiar em si mesmo, na sua capacidade, na sua força e na força do seu amor, do seu desejo, do seu querer. Parece óbvio, mas não é.
Portanto, que eu siga com a coragem de ser fiel a mim e ao que quero, que eu não perca nunca o discernimento do que me serve, do que é bom para mim, do que me sustenta e nutre, do que alimenta a minha alma, do que me faz bem, do que me ilumina e me eleva. Que eu jamais tenha medo de abdicar do conforto das certezas em nome do que eu acho que me fará feliz, ainda que eu saiba que esperam outra coisa de mim. Que eu jamais perca a fé em mim mesma, que a minha felicidade nunca tenha valor menor do que o contentamento alheio, nem que a responsabilidade, nem que o bom senso. Que eu não envelheça antes de estar velha, que eu não desista de viver o que quero, que eu jamais me arrependa de não ter tentado tudo, de todos os jeitos, inclusive os impensáveis, os inconseqüentes, os reprováveis e pouco recomendados. Que eu não me desculpe com a vida, que eu não despiste os meus sonhos, que eu jamais deixe de ter a consciência da efemeridade de tudo e todos. Que eu nunca precise me afundar no que quer que seja para me sentir menos frustrada porque minhas lacunas essenciais já são grandes e difíceis o suficiente. Que eu jamais escolha não amar: nem por medo, nem por pena, nem por covardia, nem por absolutamente nada nem ninguém. By, Ticcia.
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O belo texto reflete tudo o que eu penso e faço. A fada das mão, mais conhecida como Ticcia, teve a capacidade de entrar no meu mundo e me descrever tão bem nestas palavras. E é isso que eu desejo para 2011, que todos nós possamos lutar para sermos felizes sem perdermos a fé e a esperança.
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Feliz Ano Novo a todos!

domingo, 26 de dezembro de 2010

Carta de Dezembro

Ciao Cláudia,

Já se passaram tantos meses e somente agora volto a te escrever. Sendo esta a última carta do ano não poderia deixar passar em branco. E que ano, hein? Meses atrás eu diria que 2010 foi terrível mas não é verdade. Foi incrível. Muito difícil, é fato, mas com oportunidades que me fizeram crescer e amadurecer ainda mais. Nestes 12 meses eu lutei pelos meus sonhos, amei, fiz novos amigos, mudei de emprego, conheci novos lugares, provei comidas diferentes, ouvi músicas diversas, ouvi pessoas sábias e outras estúpidas, vi a vida com outros olhos, me decepcionei com pessoas queridas, decepcionei outras, (re)defini meus objetivos de vida (era tempo!). Enfim...
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Os aprendizados foram tantos que fico contente de te-los vivido. Aprendi que mesmo agindo de forma correta não significa que tudo irá bem. Pode haver uma pedra no meio do caminho. Então vai ser momento de decidir se vou removê-la ou voltar a atrás para pegar impulso e saltar-la ou simplesmente mudar o caminho. Como diz o provérbio africano “não olhe para onde caiu, mas onde você escorregou”.
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Com muito custo aprendia negociar o meu salário. Confesso que ainda me sinto desconfortável em relação a dinheiro mas se eu não definir quanto custa o meu trabalho sempre vão tirar por menos e isso não é justo nem certo comigo.
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Outra coisa bacana que aprendi foi minimizar os problemas. Eles existem, é fato, mas é importante ver com simplicidade o que realmente pode ser feito, fazer o melhor, e quando não for possível fazer algo, aceitar que é assim. Priorizar o que tem que ser feito também é importante. Estas pequenas atitudes têm me ajudado a dormir melhor.
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Este ano também surgiram pessoas queridíssimas para mim que se tornaram tão importantes e fundamentais neste meu processo de amadurecimento. Espero que elas estejam aí com você no futuro.
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Faltam cinco dias para dar adeus a 2010 e tenho pensado muito sobre os caminhos que seguirei. Algumas decisões já foram tomadas mas algumas outras ainda espero as peças certas do quebra-cabeça para poder montá-lo. Tudo há o seu tempo. A sensação é que limpei minha casa interior, joguei fora muitas muambas acumuladas, algumas coisas importantes mas que não faziam mais parte da minha história e esta tudo vazio a espera de um novo inquilino. Acredito que 2011 será ainda melhor. Minhas expectativas são ótimas.
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Cláudia, desculpa se neste ano tomei decisões que te marcaram profundamente. Acredite, e sei que você sabe, estou fazendo o meu melhor. Ainda vou errar muito mas te prometo sempre procurar forças pra recomeçar e aprender com os erros. De tudo eu sou muito feliz por ter um Deus maravilhoso, ter uma família com a qual eu posso contar além de saúde e um caráter positivo.
Para o próximo ano, de tantas coisas que nós precisamos, eu vou nos desejar viver o amor. Sim, merecemos isso e acredito que está muito perto de acontecer. Um amor sincero, real e tão grande como este que temos a oferecer. Ele vem!
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Um grande abraço e até o próximo ano.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Feliz Natal!

Stella di Natale a Verona

Na primeira semana de novembro já dá para sentir o clima de natal. Indiferente se gosta ou não das músicas, elas entoam de qualquer parte. Do ambulante na praça ao restaurante mais refinado. E, no mundo cristão, as pessoas são envolvidas pelo clima natalino mesmo se não comemoram a data (como eu). São poucos os eventos que conseguem criar esta unidade nas pessoas.
Em 1968, há exatamente 42 anos, os astronautas Frank Borman, Jim Lovell e Bill Anders liam a passagem bíblica de Gênises sobre a criação do mundo no panorama mais inusitado do planeta Terra, a Lua. Naquele 25 de dezembro, através de seus rádios, diversas pessoas do mundo inteiro se sentiram unidas no mesmo espírito de celebração e paz.

E é sobre a união que eu me firmo e que desejo a todos. Mas me refiro de um modo mais amplo e no mesmo tempo intimista da palavra pois sempre nos atiramos àquilo que nos separa dos nossos sonhos, objetivos, propostas etc. E isso traz sofrimentos e angustias pessoais.

Então, neste Natal eu te desejo união e que esta possa te fazer viver com mais amor e paz.

Feliz Natal!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Meu analista é francês!

Ciao Panda, nos encontramos no futuro! - Foto em frente ao Louvre

Ontem, 14/12, escrevi no Facebook: “A vida pode ser injusta mas eu uso os desafios como uma razão para continuar andado em frente. Que comece o próximo round!”. Como disse anteriormente, Paris foi um desafio para mim no senso que conhecia os meus limites e me propus ultrapassá-los. Viajar sozinha, mais uma vez, foi muito bom pois enquanto andava pelas ruas fui pensando em tudo o que me ocorreu neste ano, nos desafios que surgiram, nas vitórias, conquistas e perdas. Foi passeando pela margem do Sena que percebi que estava em mais uma sessão de análise. E, sem dúvida, os momentos comigo mesma foram marcantes.
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A Cidade Luz secou as minhas lágrimas, me ajudou a superar alguns obstáculos e me permitiu olhar para os momentos difíceis de 2010 como lições que me fortaleceram ainda mais. Lembrei-me de uma Cláudia cheia de vida e fiquei com vontade de vivê-la novamente. As rugas, cicatrizes e história não me permitem ser a menina de 25 anos que já fui, mas posso ter a mesma garra. E voltei assim, acreditando que mereço o melhor e que somente eu posso lutar para que isso aconteça.
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Também percebi que estar ali, naquele momento, tinha sido uma escolha minha e se estava feliz porque tinha lutado por isso. Enquanto o vento levava as folhas caídas na calçada e castigava a minha pele, observei que eu estava inserida naquele contexto e pensei “estou viva”, e depois pensei nas pessoas que não vivem os seus sonhos, deixam seus domingos passarem deitados no sofá de casa vendo o domingão do Faustão, acreditando que diversão é ir ao Shopping Center, que para ser feliz precisa ser mulher (revista) “Nova”, que é preciso ter (muito) dinheiro etc. Agradeci a Deus por ver o mundo com os meus olhos e saber que pra ser feliz basta abrir a alma para a felicidade e ela vem até você.
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Esta viagem também foi de despedida. Na Itália eu tive a felicidade de ter um bom encontro com um certo pandinha. Quando nos encontramos combinamos que conheceríamos o mundo juntos. Os planos eram de viajarmos no teto de um dos trens da Ásia, de provarmos gostos, ver cores, conhecermos pessoas diferentes que nos permitisse nos questionar e crescermos como pessoas. E juntos fomos a Buenos Aires, Trieste, Verona, Cortina D’Amprezzo, Padova, demos uma volta em Treviso e, é claro, Paris. E foi a nossa última viagem juntos. Foram muitas descobertas e trocas mas chegou um momento que os nossos roteiros se dividiram. A estrada dele seguiu para uma parte e a minha, outra. A separação é apenas momentânea e, apesar de não ter uma data definida, combinamos que ainda vamos planejar outras viagens juntos. Até lá cada um vai cuidando da sua própria bagagem e definindo os pontos de chegada. Lembrando apenas que o Rio de Janeiro faz parte do plano de cada um. Quem sabe lá? Enquanto isso lembramos apenas do que Wilson Sideral soube cantar muito bem “eu estarei com você e você estará comigo”.
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E o ano esta acabando!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Pensamento do dia


"Se você assumir a responsabilidade de dar o primeiro passo, você irá desenvolver uma fome de realizar os seus sonhos". Les Brown

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Paris é assim para mim(2)



Ainda estou em clima de nostalgia de Paris. Consigo ouvir o som melodioso do acordeon que era tocado dentro do metro; do som do francês falando “bonjour madame!”; do gosto bom da comida. Eu quero voltar! Preciso de mais.
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Depois do “diário de bordo” posso deixar algumas das minhas impressões sobre a viagem a começar pelo “pé na jaca” que contei. Eu comprei um Nokia 5230, com GPS, justamente para evitar o ocorrido. Qual não foi a minha surpresa ao chegar lá e ver que não funcionava na França. Não sei qual o motivo mas na Itália funciona bem. E para quem fez, mentalmente, a pergunta se eu carreguei o mapa para o cel., digo que sim caro mio!
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O frio foi o meu maior inimigo. Sério. Mesmo acostumada com baixas temperaturas não contava com o vento que fazia piorar ainda mais a situação. Andar a pé foi complicado. Senti a face congelar e tive dificuldades de conversar com um casal paulista que conheci na Torre Eiffel. Chegando em casa percebi o estrago que havia acontecido na minha pele.
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Já disse anteriormente mas tenho que repetir: os franceses usam pouco a buzina. Mesmo em um congestionamento não se ouve tanto barulho como somos acostumados no Brasil. Questão de educação no transito ou inteligência, pois sabem que apertar a buzina não vai fazer os demais carros desaparecerem como por um passe de mágica? Como exemplo vivi algo para confirmar o que digo. Enquanto tentava bravamente me encontrar pelo mapa fiquei parada no meio da rua que mais parecia uma calçada. Quando me dei conta havia um carro parado esperando que eu saisse. E o motorista buzinou para que eu me tocasse? Não.
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Como meu planejamento de ir a certos pontos foi pro brejo, inclusive restaurantes, coloquei na cabeça que a comida tinha que me surpreender em qualquer lugar que eu entrasse. Mamma mia, consegui! Perto do albergue que fiquei, bem na saída do metrô de St. Paul, tinha uma pasticceria que me deixou louca. Agora eu abro um espaço para dramatizar um pouco, ok? Após a primeira mordida num macarron eu fui ao céu e voltei (tinham outros para provar ainda..rs). Alguém me explica o que era aqui? Comprei os sabores baunilha, pistachio,café, chocolate e framboesa. Gostei mais dos dois primeiros. Também comi o melhor brownie da minha vida. E os muffins? Alguém me acode! E as tortas? E o creme quente ao rum?
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Já falei dos vinhos? Ahhhh, deixa eu voltar, s'il vous plaît? Para esquentar o sangue, enquanto caminhava a ermo, comprava o quente que é uma delicia. No restaurante eu escolhi um vinho vermelho, que não lembro o nome, mas que não dava para sentir o teor alcoólico. Apesar de ser bom, errei no tipo pois era para acompanhar um salmão que pedi. O prato estava uma delícia. Vinha com vagens cozidas no azeite. O “caldinho” do limão escorrendo no prato e se misturando à comida deu um “tcham” inesperado.
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Algo que eu queria comer era queijo (sou mineira e não nego a raça) e escolhi um mix de formaggio para provar. Alguns são muito fortes. Tem que ser francês mesmo para comer com naturalidade.
Teria que ficar uma semana lá, e com muito dinheiro, para comer tudo o que queria e não foi possível. Fica pra próxima o scargot e Cia! Ah, e detestei o crepe. Sei lá, acho que não dei sorte. Nos dois lugares que comprei a massa era sem gosto.
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Fazendo comparações:
O café francês é horrível, uma água suja como dizem os mineiros, em confronto ao café italiano, que é forte e marcante. Fora que é caro demais, 4,50€;
O brasileiro deve gostar mais do cappuccino feito na França pois leva chantilly;
Para o paladar brasileiro os doces franceses são melhores que os italianos. Mesmo já adaptada ao paladar daqui não gosto dos doces produzidos na “Bota”. A maioria é do tipo biscoitos. Na França tem mais açúcar.
Os italianos são mais bonitos e elegantes que os franceses. Surpreendi-me com as francesas neste quesito. Não são tão produzidas como as italianas.
Paris é uma metrópole turística, ou seja, limpa no centro e um pouco suja na região de entorno. Bem diferente da provinciana Treviso que é limpíssima.
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E sobre encontros e despedidas em Paris eu conto no próximo post, ok?
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Au revoir! (;p)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Paris é assim para mim

Atenção: Post bastante grande, quase "diário de bordo". Senta que lá vem história!
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Ricardo Freire diz que viaja para ver se encontra uma cidade mais encantadora que o Rio de Janeiro (veja o vídeo). Já a Flávia Mariano (veja o vídeo) viaja porque o mundo é a sua casa. Eu viajo para me colocar em confronto, para sair dos meus paradigmas, para ser contestada, para mudar pois sei que com esta mudança estou me transformando em uma pessoa melhor. E Paris fez um pouco de tudo isso comigo! Esta viagem me fez ultrapassar alguns obstáculos como o medo de ir a um lugar sem o conhecimento da língua, algo muito comum a tantas pessoas.
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O vôo saiu de Treviso à Beauvais. Aliás, a viagem já demonstrava que seria boa com um belo italiano lançando algumas olhadas muito interessantes (Como desejei que o assunto desenrolasse e ele me convidasse para fazermos a viagem juntos!). Chegando à pequena cidade francesa foi preciso fazer o percurso de 1h30, de ônibus, até Paris. Fazia um frio terrível. No caminho conheci uma garota italiana que acabamos trocando cel. e ID no Facebook. Pela janela percebia que tinha nevado no lugar. O percurso é um pouco longo e, de cara, conheci o congestionamento parisiense. Ao atravessar uma das tantas pontes da cidade vi a Torre Eiffel toda iluminada servindo como um farol para os viajantes.
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Na estação de ônibus resolvi o meu primeiro obstáculo. Como usar o sistema de Metrô e chegar ao meu albergue? As irmãs da italianinha me ajudaram e parei no Metrô St. Paul, no Marais. O albergue MIJE (o melhor que já fiquei e recomendo veemente) fica perto mas meu sistema de orientamento é péssimo (conto mais a frente), quem me conhece sabe do que estou falando, mas foi preciso pegar um taxi para chegar ao local. Claro que como turista fui explorada pelo taxista. Ele simplesmente ativou o navegador depois que viramos a esquina de onde estávamos e assim fizemos um percurso mais longo e ele ganhou um dinheiro fácil. A inicio ele deu a entender que não sabia onde era a rua, no outro dia eu descobri que era no quarteirão de trás!
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Costumo dizer que viajo sozinha mas, na verdade, meus amigos estão sempre comigo. E foi assim na hora de fazer o check in. Para conversar com o atendente liguei para a minha amiga Debby (grazie mille amica) que resolveu tudo para mim. Aliás, ela ligava varias vezes no dia para saber se eu estava bem! O quarto, para oito pessoas, tinha duas coreanas, uma italiana e duas francesas. E foi assim que somente com italiano e português eu conheci pessoas de outras nacionalidades que foram super gentis comigo.
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Primeiro dia. Resolvi seguir o roteiro sugerido pela Adriana. Comecei pela Place des Vorges que é uma praça linda, cheia de árvores, monumento e chafariz, rodeada por casas que foi um palacete real. Segui até a Bastilha e me decepcionei em ver que era apenas uma coluna com uma estátua dourada no topo e que fica bem no centro de uma rotatória. A partir daqui pisei na jaca. Lembra o meu péssimo orientamento? Com mapa e com indicação do bombeiro eu consegui me perder e não saber onde estava. Eu olhava o mapa e pensava “mas eu estou andando por aqui então pq não vejo esta rua?”. Simplesmente porque eu estava retornando o caminho porem pela rua de trás! Resolvi relaxar e ir tirando fotos dos lugares que ia passando. Afinal o bom de se perder é que você para em lugares que não havia planejado.
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E foi assim que no meio do caminho surgiu Nostre-Dame. Impossível não reconhecê-la. Cenográfica e impactante. Bela e gótica. Trágica. Antes de entrar parei em uma das barraquinhas para um almoço bem frances: panini e vinho quente. Fiquei admirando a catedral enquanto lembrava da história de amor de “O corcunda de Nostre-Dame”. Acredito realmente que seria difícil uma história ter final feliz com aquele cenário embora seja lindo. Por dentro impressiona ainda mais. Era hora de missa e eu parei para ouvir o canto entoado por um dos sacerdotes. A música e toda aquela arquitetura deixavam o ambiente ainda mais envolvente. Tirei algumas fotos e de souvenir trouxe uma moeda fusa com a imagem da catedral. A entrada é gratuita mas para subir na cúpula é preciso pagar e entrar na fila. Como fazia um frio terrível e ventava, descartei a idéia.
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Segui em direção da capela Saint-Chapelle que fica na mesma ilha e no quarteirão da frente. Outra fila mas desta vez para passar pelo detector de metais. Pensei em desistir pois o vento estava maltratando mas se fizesse isso não entraria em lugar nenhum então, quem está na chuva é para se molhar, certo? Na bilheteria comprei o Museum Pass Parigi.
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A capela foi construída pelo rei Luís IX como um relicário para abrigar a Coroa de Espinhos que ele havia ganhado do imperador de Constantinopla, Baldovino II. Na realidade foi uma decisão política para se manter no poder em uma época em que os soberanos reinavam por direito divino. Hoje a coroa faz parte das relíquias de Nostre-Dame mas ir até a capela você se sente dentro de um porta-jóias com seus enormes vitrais ricamente trabalhados e os lampadários.
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E foi caminhando despretensiosamente que me encontrei em frente ao Hotel de Ville que é a prefeitura. Uma construção linda bem protótipo do que se imagina a França: telhados azuis, paredes brancas, estátuas rebuscadas na frente. Um verdadeiro palácio.
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Perdi muito tempo andando ao ermo e, como já estava escurecendo, resolvi ver a Torre Eiffel de noite. Segui pela Champs-Elysees admirando a iluminação de natal por toda a avenida. O congestionamento era incrível mas me impressionou o fato de não ouvir tantas buzinas. Alias, percebi que o francês faz pouco uso da bendita, somente o necessário. Pelo mapa sabia que passava em frente de um monumento e outro e ia registrando na mente em quais eu deveria voltar. Quando cheguei à Torre senti aquela coisa boa e meu subconsciente me dizia: ninguém esta te contando como é, você está aqui vendo! A satisfação nesta hora não se pode traduzir em palavras. É preciso viver tudo isso para entender o que falo.
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Na volta ao albergue encontrei um francês muito simpático que me ensinou como usar o metrô, a fazer a troca de estação. Foi comigo até o meu destino. Ele se desdobrava no inglês e no espanhol para que eu pudesse entender tudo. No final ele queria saber se ficaria mais dias pois havia gostado de mim. Dei uma boa desculpa para contornar a situação pois esta viagem era necessária ser feita apenas comigo mesma. Havia se transformado em uma terapia. Entre fotos minhas e do pandinha, pude refletir sobre questões pessoais e ia me sentido mais leve, aliviada.
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Segundo dia. Acordei cedo para aproveitar melhor o dia e o destino foi o Museu do Louvre onde fiquei por toda a manhã. O metrô pára em uma das galerias subterrâneas e ao entrar realmente no museu você dá de cara com a pirâmide invertida que tem na recepção. O lugar é enorme e precisa ter definido o que deseja ali dentro. Ou vê tudo, e vai ser necessário mais de um dia, ou escolhe as seções conforme o gosto. Claro que onde está a Monalisa é cheio de pessoas. Porém, apesar de entender todo o valor da obra, existem tantas outras coisas mais bonitas para serem vistas. Por todo o museu existem placas dizendo que não se pode usar o flash. Tempos atrás haviam tentado impedir os visitantes de fotografarem mas a missão é impossível. Quer ver um asiático ter uma crise nervosa? Tire a câmera fotográfica de suas mãos ou a deixe sem funcionar. Por fora do Louvre fiquei admirando a arquitetura. Muita beleza para meus olhos. Também foi onde tirei uma das fotos que mais gostei nesta viagem.
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Hora de conhecer o Ópera Garnier. Imperdível o lugar com sua beleza incontestável. Infelizmente não vi o palco, a parte da apresentação, pois acontecia um ensaio para uma peça. Ali perto estava a Galeria Lafayette onde acontecem os lançamentos mais importantes de moda luxo e tem as mais importantes lojas do mundo. Fui até a entrada e voltei. Sinceramente, mesmo sabendo que é bonita, que é luxo etc., eu não ia perder tempo num shopping center (que é o que é!) enquanto eu tinha a Cidade Luz me esperando. Assim como ninguém vai ao Rio de Janeiro para conhecer um dos modernos shoppings eu não fui a Paris para isso.
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Próxima parada Museu dos Inválidos (ou Museu Militar). No mesmo lugar tem a cripta onde estão depositadas as cinzas de Napoleão Bonaparte. Como o lugar é muito grande eu fui olhando a ala que direcionava a seção onde veria o santuário construído para o Imperador. De lá, corri para ver a Torre durante o dia. O passeio pela região foi maravilhoso. Olhar os cafés franceses, as barracas de frutas nas esquinas, as crianças retornando da escola me fazia andar com um sorriso nos lábios. Bom demais viver tudo isso. As fontes, os monumentos espalhados em cada ângulo da cidade faziam meus olhos brilharem.
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Andei em direção ao Arco do Triunfo aonde subi os degraus para ver a Champs-Elysees de noite. Acho que teria valido mais a pena se fosse de dia. Depois, resolvi terminar a noite andando pela avenida contemplando as elegantes vitrines e, mais a frente, as barraquinhas de natal. Ali, pausa para outro vinho quente e comer algo para matar a fome.
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Com 12h de passeio era o momento de voltar ao albergue. Os pés me pediam para sair de cima deles. As coreanas ficaram penalizadas com meu estado e me deram pomadinha para passar nos calos. Banho, cama, sono. Seria perfeito se uma das francesas não tivesse me acordado de noite pensando que era eu a que roncava. O susto que levei em acordar sendo sacudida e sem entender nada. A italiana que me explicou o que acontecia. E o pior é que quem roncava era a outra francesa, pode?
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Terceiro dia. Pouco tempo para fazer o que queria mas segui em direção oposta a tudo e fui a Igreja di Sacro-Cuore de Jésus. Outra preciosidade. Bem no alto é possível ter uma boa visão da cidade. Lembrava um filme antigo. Como fazia muito frio, vi Paris pelos telhados, com suas chaminés saindo fumo, aquela névoa encobrindo as ruas. Ali perto estava o Moulin Rouge mas não fui vê-lo. Preferi voltar para andar pelo bairro onde tinha me hospedado e comer num restaurante. Ah, claro, enquanto isso eu ia parando nas pasticcerie para comer os divinos doces franceses. A comida vai receber um post a parte.
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E assim terminei a minha viagem à Paris. Haverá outros posts sobre o assunto pois tem muita coisa para dizer. Aguardem.
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Ah, lembram do italino no embarque? O encontrei novamente, no retorno. Desta trocamos não apenas olhares mas até um bate-papo engraçado. Ah se dou sorte de encontra-lo em Treviso.
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Segue o link do álbum de fotos.
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Au revoir!

sábado, 27 de novembro de 2010

Música do dia: Quelqu'un m'a dit



Daqui a pouco parto para Paris e vos deixo com a música francesa que eu gosto muito, Quelqu'un m'a dit, na voz da bela italiana, e primeira dama da França, Carla Bruni.
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Tradução, do portal Terra.

Alguém me disse

Disseram-me que as nossas vidas não valem grande coisa,
Elas passam em instantes como murcham as rosas.
Disseram-me que o tempo que desliza é um bastardo
Que das nossas tristezas ele faz seus investimentos
No entanto alguém me disse...
Que você ainda me amava,
Foi alguém que me disse que você ainda me amava.
Seria possível então?
Disseram-me que o destino debocha de nós
Que não nos dá nada e nos promete tudo
Faz parecer que a felicidade está ao alcance das mãos,
Então a gente estende a mão e se descobre louco
No entanto alguém me disse...
Que você ainda me amava,
Foi alguém que me disse que você ainda me amava.
Seria possível então?
Mas quem me disse que você ainda me amava?
Eu não recordo mais, já era tarde da noite,
Eu ainda ouço a voz, mas eu não vejo mais seus traços
'ele ama você, isso é segredo, não diga a ele que eu disse a você'
Sabe, alguém me disse...
Que você ainda me amava, disseram-me isso de verdade...
Que você ainda me amava,
Seria isto possível então?
Disseram-me que as nossas vidas não valem grande coisa,
Elas passam em instantes como murcham as rosas.
Disseram-me que o tempo que se vai é um bastardo
Que das nossas tristezas ele faz a seus investimentos
No entanto alguém me disse...
Que você ainda me amava,
Foi alguém que me disse que você ainda me amava.
Seria possível então?
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Ps.: somente para constar, eu nem imaginava o significado da letra e fiquei surpresa que foste este!
Bjos

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Atualização

Hoje nevou em Treviso. Não senti tanto frio como ano passado. Corpo se adaptando?
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Previsão de neve em Paris com previsão de 5 graus negativos.
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Albergue onde vou ficar não fala português nem italiano. E eu não lembro mais o inglês e não falo francês.
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Gripe.
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Espinha (coisa rara) bem na testa.
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Irmão diz que não vai mais a Paris, e Itália, como previsto. Como pode termos o mesmo sangue e sermos tããããão diferentes?
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Ainda tem coisas para serem resolvidas até amanhã (imprimir roteiro, ver onde antecipar a comprar de alguns lugares interessantes...)
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E como eu estou com tudo isso? Tranquila, afinal eu escolhi viver esta experiência.
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Buona fortuna per me.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Música do dia: E penso a te



Post especial destinado ao presente invisível.

T,
Obrigada por entender o meu pedido. Te deixo uma música. Na próxima vez em que te dedicar uma outra canção, e saberás quando isso acontecer, será um brinde à nossa amizade. Segue a letra e tradução. Mais uma vez, na voz de Lucio Battisti.
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E penso a te

Io lavoro e penso a te,
Torno a casa e penso a te,
Le telefono e intanto
Penso a te.

Come stai, e penso a te,
Dove andiamo, e penso a te,
Le sorrido, abbasso gli occhi
E penso a te.

Non so con chi adesso sei,
Non so che cosa fai,
Ma so di certo
Cosa stai pensando.

È troppo grande la città
Per due che come noi
Non sperano, però
Si stan cercando. Cercando.

Scusa è tardi e penso a te,
Ti accompagno e penso a te,
Non son stato divertente
E penso a te.

Sono al buio e penso a te,
Chiudo gli occhi e penso a te,
Io non dormo e penso a te.
La la la la la la la...
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Tradução, do portal Terra.

Eu trabalho e penso em ti,
Volto para casa e penso em ti,
Lhe telefono e enquanto isso
penso em ti.

Como vai, e penso em ti,
Onde vamos, e penso em ti,
Lhe sorrindo abaixo os olhos
e penso em ti.

Não sei com quem estás agora,
Não sei o que estás fazendo,
Mas sei de certo
no que estás pensando.

É tão grande a cidade
Para dois que como nós
Não esperam, mas
ainda assim estão se buscando... buscando...

Desculpa é tarde e penso em ti,
Te acompanho e penso em ti,
Não tenho estado alegre
e penso em ti.

Estou no escuro e penso em ti,
Fecho os olhos e penso em ti,
Eu não durmo e penso em ti.
La la la la la la la...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Missão: Paris

Vou à Paris. Depois de várias tentativas frustantes de conhecer outros países da Europa chegou a hora de fazer o meu debut. A Cidade Luz será o meu destino neste próximo final de semana. A viagem tinha sido planejada para o fim de janeiro, mas por alguns contratempos precisei antecipa-la para novembro. O resultado é que de certo eu tenho apenas as passagens compradas. Todo o meu planejamento foi mudado. E tudo isso me cria uma tensão grande. Estarei em Paris por três dias sem companhia, sem falar francês nem inglês. Porém sinto que vai ser um divisor de águas para mim. Dos limões se faz uma bela limonada, certo? Eu faço caipirinha! Nada de reclamar por ser diferente do que planejava. Tenho certeza que vou curtir muito. Aguardem fotos (por falar nisso vou fazer um site somente com este propósito). Na mala estou levando a disposição, a coragem e o Pandinha. No mais, tenho em Deus que meu talento para curtir uma viagem vai fazer que esta esperiência seja um marco para mim.
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Meus roteiros tem a precisão de um planejamento japonês. São detalhados e organizados. Chegando no local eu me deixo levar. Não fico presa a nada. Gosto de caminhar pelas ruas, entrar nos cafés, ver as pessoas passando. Para mim, o bom planejamento funciona para isso, para eu saber onde posso ir, o que fazer (ou não) e me livrar de certas furadas. Por exemplo, eu não vou a Paris para ver um monte de japonês com suas maquinas fotograficas o tempo todo, certo? Então eu tenho que ir a lugares não tão turísico mas incrivelmente fascinantes. Claro, sem deixar para trás os cartões postais. Por isso eu pesquiso muito na net, principalmente em blogs, e vou anotando os restaurantes que quero ir, onde comprar bilhetes para não ficar na fila, museus, espetáculos, qual o melhor panorama de uma cidade, qual igreja é a mais interessante, particularidades de certos locais. Foi assim que descobri os greeters que são voluntários dispostos a mostrar sua cidade natal para turistas estrangeiros. Além de apresentar os pontos turísticos às pessoas, os greeters ainda compartilham informação, experiências e dão dicas práticas para que o turista possa se virar bem na cidade. Por ser um serviço voluntário, tudo isso sai de graça para o turista. A dica veio pelo blog Viver Paris.
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Outro blog que tem sido fonte de inspiração é o Conexão Paris. De eu pensei em ficar no hotel Taylor Paris que, segundo as indicações de quem seguiu a sugestão, é muito bom, muito bonito e por um preço maravilhoso. Porém, com a alteração da data de minha viagem, planejo ficar no albergue da juventude, MIJE (não ria!), que está localizado no mesmo bairro do hotel, Le Marais. Detalhe: eu quero ficar neste bairro! Eu me encantei com a descrição do lugar por ser frequentado por franceses. Ali tem os melhores restaurantes, pasticcieria, lojinhas e até mercadinho, além de uma história rica, arquitetura imponente e está pertissimo do centro.
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Para fazer esta viagem, sozinha, comprei o guia da National Geographic (amodevivertudoqueéNG) e outro guia de como falar em francês. Claro que não vou aprender nada em uma semana, mas vou poder mostrar a pergunta para o garçon, vendedor ou "mocinha" com quem eu estiver falando. Pergunta de 1 milhão de dolares: como entender a resposta se não conhece a língua? Deixa baixo (rs). Fora isso, ainda hoje (logo que terminar de blogar) vou compar um celular com GPS e, fazendo como os turistas em Venezia, vou seguindo o navegador até o endereço que quero. Nada de ficar perdido se podemos usar estes mapinhas tecnologicos, certo?
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Para finalizar ainda tenho que decidir qual museu entrar, qual jardim ir, qual espetáculo assistir. Além de decidir quais restaurantes e o que não posso deixar de comer e beber por . Diante das minhas ansiedades aqueles que estão a minha volta dizem: fica agitada não, vai ver que ainda vai conhecer um francês bonito e sedutor por que vai se apaixonar por você. E eu penso: alguém me belisque... mas AMÉM! (rs)
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Càspita, ainda tenho muita coisa para resolver em menos de uma semana. Diante disto dou um belo sorriso ao lembrar do comentário de uma amiga que está no Brasil: "Queria eu ter este problema". Ohhh vida chata, viu!
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Baci a tutti!

sábado, 20 de novembro de 2010

Musica do dia: A te - Jovanotti



Criei um novo marcador, Música (ou pensamento) do dia. Começo com a canção A Te, de Jovanoti, que ganhou o Festival de Sanremo de 2008. Letra simples e bella. Gosto da melodia. Diz por mim o que desejo expressar.
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Como não foi possível baixar o video oficial, deixo o link para quem se interessar. Aqui!
A tradução, do portal Terra, segue abaixo:
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A Você
A você que é a única no mundo
A única razão
Para chegar bem ao fundo
De cada respiro meu
Quando te vejo
Depois de um dia cheio de palavras
Sem que você me diga nada
Tudo se faz claro

Pra você que me encontrou
Na esquina com os punhos fechados
Com as minhas costas contra o muro
Pronto a me defender
Com os olhos baixos
Estava na fila
Com os desiludidos
Você me acolheu
Como um gato
E me levou contigo

Para você canto uma canção
Por que não tenho outra coisa
Nada de melhor para te oferecer
De tudo aquilo que tenho
Pegue o meu tempo
E a magia
Que com apenas um salto
Nos fará voar pelo ar
Como bolinhas de sabão

Para você que é
Simplesmente é
Essência dos meus dias
Essência dos meus dias

Para você que é o meu grande amor
E o meu amor grande
Para você que pegou a minha vida
E dela fez muito melhor
Para você que deu sentido ao tempo
Sem medi-lo
Para você que é o meu amor grande
e o meu grande amor

Para você que eu
vi chorar na minha mão
Frágil que poderia te matar apertando um pouco
E depois te vi
Com a força de um avião
Prender na mão a sua vida
E puxá-la para um lugar seguro

Para você que me ensinou a sonhar
E a arte da aventura
Para você que acredita na coragem
E também no medo
Pra você que é a melhor coisa
que me aconteceu
Para você que muda todos os dias
E se mantem sempre a mesma

Para você que é
Simplesmente é
Essência dos meus dias
Essência dos meus sonhos
Para você que é
Essencialmente é
Essência dos meus sonhos
Essência dos meus dias

Para você nunca se agrada
E é uma maravilha
As forças da natureza se concentram em você
que é uma rocha, uma planta, é um furacão
É o horizonte que me acolhe quando me afasto

Para você que é a única amiga
Que eu posso ter
O único amor que queria
Se não te tivesse comigo
Para você que entrega a minha vida
Bela de morrer
Que consegue produzir no cansaço
Um imenso prazer

Para você que é o meu grande amor
E o meu amor grande
Para você que prende a minha vida
E dela fez muito melhor
Para você que deu sentido ao tempo
Sem medi-lo
Para você que é o meu amor grande
e o meu grande amor

Para você que é
Simplesmente é
Essência dos meus dias
Essência dos meus sonhos
Para você que é
Simplesmente é
Companheira dos meus dias
Essência dos meus sonhos

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Baci nel cuore!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Voltei


São cinco meses e dois dias longe do blog. Pensei não voltar, dei adeus. O tempo passou e mudou o meu pensamento. Senti falta daqui, dos que me liam, da troca de informação e de conhecer novas pessoas.
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A dor me afastou deste espaço que criei para compartilhar a minha viagem pela vida. Sim, pela vida porque somente pelo mundo é pouco. Estou abrindo as janelas novamente, deixando a luz entrar e (re)criando coragem para passear neste espaço tão inquietante que é a NET.
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Sem pretensão posso dizer que esta nova fase será um diário de bordo nesta minha viagem chamado vida. Como não gosto de ficar sentada na cadeira confortável do vagão, vou ver a paisagem sentada no teto. Alguém topa ir comigo? “Vamobora”?
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Visto que é assim agora posso dizer Arrivederci!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Addio

Certa vez falei sobre “abrir portas” e agora chegou o momento de “fechar portas”. Acredito que a vida são etapas que vivemos e, cada etapa vencida você fecha um percurso. As formas como isso acontecem podem ser diversas: com gosto de vitória, de derrota, de que se podia fazer diferente etc.

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E o blog faz parte de uma etapa na minha vida. Quando cheguei à Itália queria compartilhar tudo o que sentia e via. Tinha vencido a etapa do chutar tudo e voar, ver o mundo com os próprios olhos. Venci esta etapa. Teve gosto de vitória. Em cada post, fui compartilhando meu mundo, abrindo um pouco também a minha alma. E foi assim que chegaram até a mim desconhecidos que se importantíssimos na minha vida. Foi pelo blog que conheci novos amigos, descobri admiradores, vive um belo romance, encontrei forças nos momentos de crise.

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Agora é hora de fechar esta porta e concluir esta etapa. Por isso, quem estiver me lendo, quem se sente incluso entre as pessoas que eu disse acima, obrigada. Vocês foram muito importantes para mim. Todos os pensamentos positivos que me enviaram, eu retribuo em dobro.

Não vou dizer que volto. O amanhã é uma incógnita.

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Por enquanto, addio!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Carta ao Amor

Ciao, amore mio!

Gosto de escrever cartas para mim, mas hoje resolvi de fazê-la para você. 12 de junho, mais um dia dos namorados sem você, sem os seus abraços. Sei que é estranho mas sinto saudades de alguém que ainda não chegou na minha vida. Porém, sabe quando sente que já existe? Assim é você para mim.

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Tenho te esperado por muitos anos e, neste percurso, errei tantas vezes em confundir-te com outros. O resultado são joelhos esfolados e mãos arranhadas. Quando você chegar, não olhe pare isso. As marcas são apenas para lembrar que tentei te encontrar. Agora não procuro mais. Sei que virás ao meu encontro. No livro (que pretendo ler em breve) “Diário da tua ausência”, Margarida Rebelo Pinto diz que “o amor na espera nos ensina a ver no futuro, a desejá-lo, a organizar tudo para que ele seja possível”. E é o que tenho feito> coloquei meu coração em ordem, já enfeitei meus cabelos com margarida e canto canções de amor.

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Às vezes fico imaginando aonde estás agora. O que tens feito? Será que está com uma turma de amigos discutindo “retórica” ou faz mais o estilo de questionar a idéia do diretor após assistir um determinado filme? Qual idioma que fala? Gosta de viajar? Torcemos para o mesmo time? Somos parecidos ou totalmente diferentes?

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Não sei nada sobre você. Sei apenas que já te amo. Também sei que vou me ver e me perder nos teus olhos, que o teu abraço será minha muralha contra o mundo, que não me sentirei ridícula ao soluçar na sua frente e que em cada vitória eu te verei ali ao meu lado.

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Também sei que vou saber te ouvir, te entender, que serei tua amiga, vou de dar força nos teus sonhos e projetos, vou dizer não quando tiver que ser, vou dizer “ok, estou com você” mesmo que todos digam que é loucura mas o coração me disser para fazer, vou me irritar com algumas coisas mas vou saber relevar e dar gargalhas espontâneas de suas bobeiras.

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Eu tenho muitos planos, todos pensando somente em mim, nas minhas necessidades atuais. Porém, eles são flexíveis para quando você chegar. Um dos meus planos é conhecer o mundo, você topa?

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Ainda não sabes mas aprendi a cantar “Eu sei que vou te amar”, de Tom Jobim, somente para poder declarar-la quando nos encontramos. Não ousarei cantar mas se olhares dentro dos meus olhos ouvirá o coração no mesmo ritmo da música.

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Ah, quando você chegar, não é preciso bater na porta nem sonar a companhia. Apenas entre. Já estou esperando por você. Eu sei que você vem.

Ti voglio tanto bene, amore mio!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Depois da tempestade, o permesso

No dia 15 de fevereiro deste ano vivenciei umas das experiências mais difíceis da minha vida na Itália. Como contei aqui, perdi o meu permesso e recebi uma carta das autoridades italianas dizendo que tinha 15 dias para sair do país ou fazer causa. Quem esteve perto de mim sabe que perdi o chão. Mas resolvi lutar e, mesmo sem emprego, fui buscar um advogado para me defender.

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Quatro meses depois eu consegui rever o meu permesso e, melhor, mudei de classificação. Saí do família e passei para permesso de lavoro (trabalho). A vantagem é que agora não dependo mais da minha prima e posso ir para onde quiser dentro da Itália, porém tenho sempre que estar trabalhando com carteira assinada.

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De tudo, fica a sensação que venci uma batalha e que me livrei de uma gaiola. Aliás, me sinto um pássaro. Daqueles que fazem ninhos nos mais altos picos e tem prazer em dar vôos rasantes nos precipícios. Às vezes assusta e eu sei que não sou alguém dotada de sorte ou algo fora do comum. Sou uma pessoa normal, que precisa de colo, de apoio, que tem medo, que acha que não vai dar, mas sempre luta para realizar os objetivos.

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Nisto tudo eu tenho que agradeçer à todas pessoas especiais que me deram força, ânimo e me encorajam. Inclusive quem vem aqui e mandou energias positivas para mim mesmo sem eu saber quem seja, viu Eva! Como disse Abraham Lincoln “estranhos são amigos que ainda não conhecemos”. Obrigada de verdade! Vocês foram fundamentais neste processo.

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Como se diz em italiano: Grazie mille!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Rapidinhas

Às vezes eu comparo os seres humanos aos cachorros, cada um faz parte de uma raça - outros, nem isso. Cada um de nós se diferencia pela forma de vestir, se expressar e viver. Olha, se a minha lógica fosse justa os italianos teriam pedigree. São únicos na forma de se vestirem. Parecem que as revistas de moda se baseiam neles. Até quando não querem seguir moda, eles fazem moda. Para ver isso direito basta observar o fluxo de turista europeu na Itália. A minha cidade fica cheia de gente loirissima, alta, todos com óculos de grife, etc. Mas se quer saber se é italiano basta olhar como estao vestidos. Os demais europeus sao despojados enquanto a turma da Bota adora um estilo. Acho que como eles somente os franceses.
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Estou chocada. Sempre fui encantada com a limpeza da água do rio que corta Treviso mas tenho observado que algumas casas tem jogado o esgoto naquelas águas transparentes! Aonde estao as autoridades para resolver isso eu não sei, mas que corta o meu coração de saber como esta hitória vai acabar, oh se sei!
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Adoro ir ao parque que é cheio de pés de amora. Cada amora grande, mamma mia! Me faz lembrar quando criança que na hora de ir para escola parava perto de um muro somente para pegar algumas e comer.
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O sol realmente faz efeito sobre humor das pessoas. Numa hora destas era para estar com gastrite de preocupação com o meu permesso. Dia 10 é a ultima causa. E eu estou tranquila, andando de bicicleta e tomando gelato.
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Estou lendo "Comer, Rezar e Amar", de Elizabeth Gilbert. Incrível como as histórias se repetem neste mundo. Se não fosse pelo divóricio dela, acredito que ela seria a minha irmã gemea.
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A crise na Grécia está preocupanda cada vez mais os italianos. E o pensamento negativos deles chega a me assustar. Ou será que sou eu que não tenho acompanhado tanto os noticiários.
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Já disse que esotu andando de bicicleta, né. Agora, quero ver o que vai acontecer com estes quilos extras que não me pertencem mais.
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E, para finalizar, vou dar um giro pela cidade e ver o sol se por. Se ainda der tempo, talvez role um gelato di pistachio!

sábado, 22 de maio de 2010

Carta - 23 de maio de 2010

Ciao Cláudia,

É a segunda vez que tento te escrever hoje. Primeiro, ainda na cama, vendo o dia nascer, pensava no Tempo, senhor de todas as coisas. Resolvi pensar melhor, deletei os primeiros rascunhos e somente agora, numa fresca mas ensolarada tarde de domingo, resolvi registrar meus pensamentos. E eles continuam com o Tempo.
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Tenho tanto a te dizer mas não encontro palavras. Faltam as primeiras letras para começar o assunto. Tudo porque não consigo parar de pensar no Tempo. Hoje eu o entendo como um fator da qual não temos nenhum poder sobre ele, mas o inverso não é verdadeiro. Se tentar ganhá-lo na força, erramos; se o aceitamos, aprendemos. Aceita-lo é complicado mas sem sombra de dúvida a melhor escolha.
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Eu, no ano 2010, fico pensando como você se relaciona com isso. Aliás, tenho observado algo que me deixou feliz. Entender o processo de como há um tempo estabelecido me faz ver que tudo tem ocorrido no tempo justo para mim, ou melhor, para nós.
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A carta de hoje é confusa, peço desculpas. Não é uma crise existencial, apenas estou num ritimo diferente. Espero te dizer mais na próxima. Contudo, quero te dizer que tenho muito orgulho do que temos conseguido HOJE. Talvez, este seja o único momento do Tempo em que temos controle.
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Bacio e arrivederci.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

De matar italiano de raiva!

Li em um blog, que não lembro qual, o que faz um europeu morrer de raiva com um estrangeiro. Achei divertido e resolvi fazer um post sobre o que faz matar de raiva um italino no dia a dia. Divirta-se!
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O italiano quase morre:
*Quando vê alguém quebrando uma pasta para cozinhar. Pior, se já no prato corta-la com a faca ao invés de enrola-la;
*Misturar todas as comidas no prato (ok, eu tbem detesto isso!);
*Quando alguém diz que qualquer outra comida é melhor que a italiana;
*Quando nós, brasileiros, dizemos que o nosso cappuccino é melhor que o deles. Aqui não tem chantily sobre o café;
*Quando dizemos que eles gritam ao invés de falar ou que são extremamente estressados (para não dizemos grossos);
*Quando ouvem que eles não sabem dançar. Nas discotecas você vê um monte de gente sacudindo o corpo com as mãos para cima;
*Quando alguém diz que tártaro na boca é falta de higiêne oral correta. Eles acreditam que é uma tendência predisposta que alguns tem. Na verdade, parece que o país inteiro tem esta predisposição;
*Quando alguém diz que que as mães italiana são exageradas e superprotetivas. Eles logam associam às mães do sul do país;
*Quando dizemos que o futebol italiano é feito de estrangeiros;
*Quando ouvem que o bom cinema italiano morreu e eles vivem da glória passada;
*Quando ouvem que os filhos italianos depende dos pais até os 40 anos e não saem de casa pois nao conseguem se sustentar;
*Quando ouvem que as mulheres italianas não penteiam o cabelo depois de fazer a escova;
*Quando dizemos que a qualidade Made Italy é inquestionável sobre a indústria de calçados mas que o gosto é duvidoso;
*Quando dizemos que as praias não são bonitas. Logos eles citam as praias do sul da Itália para se renderem.
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Se eu lembrar de mais alguma coisa eu posto mais tarde. Se alguém passar por aqui e quiser deixar uma observação, eu acrescento com devidas honras.
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Ciao!

domingo, 9 de maio de 2010

A realidade do sonho

Apesar do pouco numero de comentários que o blog tem eu recebo uma quantidade razoável de e-mails perguntando sobre a Itália. Já observei que as pessoas sonham os meus sonhos ou, na hipótese mais justa, têm sonhos iguais aos meus. Afinal, conhecer o mundo é uma vontade de grande parte das pessoas. Aí eu fico pensando, será que quem me lê imagina que neste meu mundo nem tudo é sonho?

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Sou a pessoa mais indicada para responder e posso dizer que não. Ir para outro país, conhecer outras pessoas, viver novas experiências, ver o mundo com os próprios olhos já deixou de ser sonho para mim transformando-se numa realidade. E este tem os seus altos e baixos como em qualquer lugar no mundo na vida de qualquer pessoa. Pensei muito antes de começar o assunto que quero abordar neste post. Não ia fazê-lo pois inclui em abrir muito a minha vida. Porém me sinto no dever de falar do outro lado da moeda.

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Em alguns posts passados tenho falado sobre problemas que tenho enfrentado. Para ser mais exata trata-se do renovo do meu permesso. No início deste ano eu o perdi da forma mais seca possível. Procurando fazer o certo, fui a Questura para saber sobre o andamento do meu processo de renovo e saí de lá sem os meus documentos provisórios e com uma carta que dizia que tinha que sair da Itália em 15 dias ou fazer causa. Naquele dia, voltar para casa foi difícil. As lágrimas banhavam o meu rosto e eu não conseguia me concentrar no caminho que tinha que fazer. Me sentia como se estivesse em um filme e este era rebobinado de uma hora para outra. A possibilidade de voltar para o Brasil de forma inesperada me desesperou. Para completar a cena, tinha mudado de cidade e não tinha trabalho.

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Em duas semanas precisei arrumar um advogado e pagar a primeira parte do processo o que significa que o dinheiro que eu tinha para me manter até arrumar um emprego foi todo numa só tacada. Voltei para a cidade que morava antes, arrumei um emprego e fiquei esperando o resultado do processo que parecia ser longo. No último dia seis foi a primeira audiência que foi bastante positiva para mim. Terei uma outro no próximo dia 10 que será definitiva. Tudo isso aconteceu nos últimos três meses. Neste período emagreci de nervoso, perdi sono, pela primeira vez senti tanto medo que precisei de colo (e tive) e chorei muito.

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O resultado está encaminhando de forma positiva mas eu sei que poderia ser o contrário. Poderia ter pego o dinheiro que tinha e voltado para o Brasil. Com saudades de casa, cansada de algumas pequenas coisas que me aborrecem na Itália e, com esta última, me sentindo pior que uma criminosa com carta convite para sair do país, eu tinha bons argumentos para voltar. Por que não o fiz? Porque eu me arrependeria se não tentasse permanecer na realidade do meu sonho. Hoje eu tenho escolhido o que viver. Aprendi, ao longo dos anos, que a minha felicidade depende somente de mim e que sou feliz aqui fazendo o que eu faço. Voltar ao Brasil significaria responsabilizar os “vigili” italianos, que erraram no meu processo (e quem está pagando sou eu), pela infelicidade de não continuar naquilo que sempre batalhei. Ser responsável pela minha felicidade me faz olhar de forma séria para mim mesma e não deixar passar batidas as oportunidades que aparecem. Isso não é egoísmo nem arrogância, é amor próprio.

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Para concluir, deixo um recado para quem quer viver a tão sonhada experiência internacional. Cada experiência é única e varia conforme o filtro pessoal de cada pessoa. Por isso, é um prazer dividir meus sonhos com você mas se é o que quer para a sua vida saiba que na realidade do sonho existem tantas dificuldades como na sua vida aí no Brasil.

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Ciao e arrivederci!

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Ps.: No post anterior prometi fotos de Trieste. Infelizmente tentei postar algumas mas o blog nao deixou, desconfigurou tudo. Entao, sinto muito e fica para outra oportunidade. Estou pensando em criar um album somente para fotos. Vamos ver.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Trieste, uma cidade emoldurada pelo Mar Adriático

Obs.: Preparem-se pois o texto é longo e o Blog não me deixa colocar fotos. O próximo post serão apenas de imagens dos lugares onde estive.

Trieste, a cidade nórdica da latina Itália. Em outra definição, como diria um amigo, é como um pedaço de torta caída indevidamente entre os seios de uma mulher, ou seja, deliciosamente provocativa e totalmente fora do lugar.

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Localizada na região de Friuli Venezia Giulia, ao norte da Bota, a cidade não lembra os demais pontos turísticos italianos. O que é muito bom! Pertencente aos domínios da Áustria até a primeira guerra mundial, Trieste possui uma arquitetura primorosa inspirada no estilo Art Nouveau que faz a alegria dos fotógrafos apaixonados por detalhes. Os edifícios, com seus telhados verdes e esculturas de ferros e pedras, refletem o esplendor aristocrático de uma época em que teve princesa Sissi como um de seus personagens. Outro detalhe que saltam aos olhos são as vias principais largas, ladeadas por postes inspirados no estilo acima e que parecem que foram trabalhados artesanalmente.

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A natureza também premiou Trieste. Chegar à cidade de trem é um caso de amor a parte. Devagar, enquanto vai descendo a encosta do rochedo somos premiados com as águas cristalinas do Adriático que abraça toda a cidade. Observar da montanha, a cidade lá embaixo, emoldurada pelo azul do mar e pontilhado de pequenos barcos à vela, é estar diante de um dos mais belos cartões postais que Trieste oferece a quem chega.

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Ao fundo, e em qualquer ângulo, se vê o porto. Este tem uma grande influência no caráter dos triestinos que, mantendo a elegância e beleza do norte da Europa, são receptivos e extremamente cordiais.

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Ok! Já observaram que me apaixonei pela cidade e, sim, eu quero morar lá. Mas a pergunta que é: vale à pena fazer turismo em Trieste? (Porque, se for para conhecer uma cidade nórdica é melhor ir diretamente à Viena!). Elementar, meu caro Watson! Trieste tem muito para ver e é perfeita para uma lua de mel ou passeio com família.

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Vou deixar os relatos de onde eu fui. Adianto que acabei com a bateria da máquina no primeiro dia e, esquecida, não trouxe o carregador comigo. Outra coisa, andei tanto no primeiro dia que meu menisco reclamou. Resultado: pensando nos 500 degraus da Grotta Del Gigante que eu tinha que encarar, não fui! Tudo bem, já tenho um ótimo motivo para voltar lá.

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Comecei o passeio pelo calçadão que acompanha o mar, da Riva Ter Novembre até N. Sauro, observando mais a arquitetura e a água cristalina do Adriático. O vento quase me carregava mas tive a companhia do sol que esquentou o inicio desta primavera. O som provocado pelas gaivotas não deixava esquecer que estava em uma cidade portuária. Passei pelo Canal Grande que, pensando que sim, não fiz uma foto do lugar. É um pequeno braço do mar que forma uma galeria para pequenos barcos. Já vi vários registros bacanas de lá. Pena que vacilei.

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Próxima parada foi a Piazza della Unità d’Itália. Aberta para o mar, tem um impacto cenográfico incrível. Construída de forma desorganizada em todo o período medieval, no início de 1800 foi demolida e reconstruída com uma fachada harmoniosa e esteticamente condizente ao crescimento econômica do período. No mesmo local se encontra a Fontana dei Quattro Continenti que, com quatro estatuas alegóricas, representa os quatros continentes conhecidos da época: Europa, Ásia, África e América. Próxima a esta tem a coluna em homenagem ao imperador Carlo VI.

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Em torno da praça é cheio de restaurantes, sorveterias, bares e cafeterias ideais para ver a vida passar. Eu, viciada em caffè, não resisti e fui tomar um para carregar as energias para a próxima parada.

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Ali pertinho está o Teatro Romano que é um dos poucos resquícios deste império na cidade. Pequeno, foi descoberto nos anos 30, em uma escavação na cidade. Mesmo assim, é belo e te faz lembrar que está na Itália.

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Enquanto eu ia me apaixonando pela cidade, ia também subindo as vias íngremes e pensava: se eu morasse aqui, falaria mal todos os dias estas subidas! Mas, como tudo tem um lado positivo, quanto mais alto, melhor era o panorama. Desta vez o destino era o Monumento ai Caduti della Grande Guerra que fica como num “pátio” entre o Castello e a Cattedrale di San Giusto. No mesmo local tem resquícios da civilização romana com colunas do foi um fórum e um templo. Perdi horas visitando estas atrações. O castelo bem preservado mostra como era o cotidiano de um senhor medieval. Porém, a fachada da catedral que foi um caso de amor a parte. O que é aquela roda, por onde entra luz na igreja, na fachada? Grande e bem trabalhada dá um impacto na construção de pedras e tijolos antigos.

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Na volta me perdi deliciosamente pelas vias minúsculas. Amo quando isso acontece. E foi assim que dei de cara com a igreja de Santa Maria Maggiore e uma bem pequena, ao lado, chamada San Silvestro. Enquanto batia perna sem direção, apenas seguindo em direção ao mar, via como a população local se comportava. Achei interessante como gesticulam menos e não falam alto como os demais italianos.

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Nesta minha andança acabei na Stazzione Marittima que é o aquário municipal. Apesar de não ter achado impressionante, quem está com criança é uma ótima dica. Saindo do lugar achei uma gelateria que vendia picolé. Matei um pouco a saudade do Brasil. Pena que não era bom como os nossos.

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Hora de me perder novamente entre aqueles prédios lindíssimos. Entrei nas vias comerciais, vi vitrines, encontrei personagens famosos e percebi que também era observada.

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Já eram quase 20h, o cansaço era grande, resolvi ver os últimos raios do sol em um dos bares da Piazza della Unità d’Itália, acompanhada de um Collio e um Panda MARAVILHOSO.

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No dia seguinte, já sabendo que ia ficar na mão com as fotografias, parti cedo para o Castello di Miramare. Inesquecível é a palavra justa para lugar. O mais belo castelo que já vi até hoje. Para chegar até ele é preciso pegar um ônibus que te leva para fora da cidade. Do ponto final, você vai subindo uma ladeira em meio a uma vegetação de costeira. Olhando para trás, se vê uma pequena marina que dá um ar bucólico à região. Para frente, se abre o parque di Miramare. Somente esta recepção já da para imaginar o que espera pela frente. Ainda não é possível ver o castelo, mas basta andar mais um pouco e olhar por uma das aberturas da vegetação e ver a construção de torres brancas. Sinceramente, me faltam palavras para falar deste lugar. Vou deixar apenas as poucas fotos, que consegui fazer, falem por sim. Para completar, havia a mostra “O Beijo” com quadros belíssimos retratando esta demonstração de amor.

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Depois de horas lá dentro, já sabendo que não dava para ir à Grotta, resolvi almoçar no restaurante em frente à pequena marina que citei. Esta viagem foi um presente de aniversário e tinha que incluir um almoço como eu gosto no roteiro. Ordens do presenteador (oh coisa chata, viu.. rs). Enquanto pensava em toda a beleza que tinha visto, na companhia que tive, observava a beleza da região, ouvia uma bossa nova muito boa que vinha do interior do restaurante e me deliciava com um frizzante. O cardápio escolhido: entrada de salmão defumado acompanhado de pães, depois, pasta com mexilhão ao sugo de tomate. E, claro, tudo acompanhado de um Collio.

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Hora de voltar para casa com o coração leve e a certeza que a vida na estrada é o caminho certo para mim. Principalmente bem acompanhada.

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Trieste, eu volto!