sexta-feira, 28 de maio de 2010

Rapidinhas

Às vezes eu comparo os seres humanos aos cachorros, cada um faz parte de uma raça - outros, nem isso. Cada um de nós se diferencia pela forma de vestir, se expressar e viver. Olha, se a minha lógica fosse justa os italianos teriam pedigree. São únicos na forma de se vestirem. Parecem que as revistas de moda se baseiam neles. Até quando não querem seguir moda, eles fazem moda. Para ver isso direito basta observar o fluxo de turista europeu na Itália. A minha cidade fica cheia de gente loirissima, alta, todos com óculos de grife, etc. Mas se quer saber se é italiano basta olhar como estao vestidos. Os demais europeus sao despojados enquanto a turma da Bota adora um estilo. Acho que como eles somente os franceses.
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Estou chocada. Sempre fui encantada com a limpeza da água do rio que corta Treviso mas tenho observado que algumas casas tem jogado o esgoto naquelas águas transparentes! Aonde estao as autoridades para resolver isso eu não sei, mas que corta o meu coração de saber como esta hitória vai acabar, oh se sei!
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Adoro ir ao parque que é cheio de pés de amora. Cada amora grande, mamma mia! Me faz lembrar quando criança que na hora de ir para escola parava perto de um muro somente para pegar algumas e comer.
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O sol realmente faz efeito sobre humor das pessoas. Numa hora destas era para estar com gastrite de preocupação com o meu permesso. Dia 10 é a ultima causa. E eu estou tranquila, andando de bicicleta e tomando gelato.
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Estou lendo "Comer, Rezar e Amar", de Elizabeth Gilbert. Incrível como as histórias se repetem neste mundo. Se não fosse pelo divóricio dela, acredito que ela seria a minha irmã gemea.
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A crise na Grécia está preocupanda cada vez mais os italianos. E o pensamento negativos deles chega a me assustar. Ou será que sou eu que não tenho acompanhado tanto os noticiários.
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Já disse que esotu andando de bicicleta, né. Agora, quero ver o que vai acontecer com estes quilos extras que não me pertencem mais.
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E, para finalizar, vou dar um giro pela cidade e ver o sol se por. Se ainda der tempo, talvez role um gelato di pistachio!

sábado, 22 de maio de 2010

Carta - 23 de maio de 2010

Ciao Cláudia,

É a segunda vez que tento te escrever hoje. Primeiro, ainda na cama, vendo o dia nascer, pensava no Tempo, senhor de todas as coisas. Resolvi pensar melhor, deletei os primeiros rascunhos e somente agora, numa fresca mas ensolarada tarde de domingo, resolvi registrar meus pensamentos. E eles continuam com o Tempo.
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Tenho tanto a te dizer mas não encontro palavras. Faltam as primeiras letras para começar o assunto. Tudo porque não consigo parar de pensar no Tempo. Hoje eu o entendo como um fator da qual não temos nenhum poder sobre ele, mas o inverso não é verdadeiro. Se tentar ganhá-lo na força, erramos; se o aceitamos, aprendemos. Aceita-lo é complicado mas sem sombra de dúvida a melhor escolha.
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Eu, no ano 2010, fico pensando como você se relaciona com isso. Aliás, tenho observado algo que me deixou feliz. Entender o processo de como há um tempo estabelecido me faz ver que tudo tem ocorrido no tempo justo para mim, ou melhor, para nós.
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A carta de hoje é confusa, peço desculpas. Não é uma crise existencial, apenas estou num ritimo diferente. Espero te dizer mais na próxima. Contudo, quero te dizer que tenho muito orgulho do que temos conseguido HOJE. Talvez, este seja o único momento do Tempo em que temos controle.
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Bacio e arrivederci.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

De matar italiano de raiva!

Li em um blog, que não lembro qual, o que faz um europeu morrer de raiva com um estrangeiro. Achei divertido e resolvi fazer um post sobre o que faz matar de raiva um italino no dia a dia. Divirta-se!
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O italiano quase morre:
*Quando vê alguém quebrando uma pasta para cozinhar. Pior, se já no prato corta-la com a faca ao invés de enrola-la;
*Misturar todas as comidas no prato (ok, eu tbem detesto isso!);
*Quando alguém diz que qualquer outra comida é melhor que a italiana;
*Quando nós, brasileiros, dizemos que o nosso cappuccino é melhor que o deles. Aqui não tem chantily sobre o café;
*Quando dizemos que eles gritam ao invés de falar ou que são extremamente estressados (para não dizemos grossos);
*Quando ouvem que eles não sabem dançar. Nas discotecas você vê um monte de gente sacudindo o corpo com as mãos para cima;
*Quando alguém diz que tártaro na boca é falta de higiêne oral correta. Eles acreditam que é uma tendência predisposta que alguns tem. Na verdade, parece que o país inteiro tem esta predisposição;
*Quando alguém diz que que as mães italiana são exageradas e superprotetivas. Eles logam associam às mães do sul do país;
*Quando dizemos que o futebol italiano é feito de estrangeiros;
*Quando ouvem que o bom cinema italiano morreu e eles vivem da glória passada;
*Quando ouvem que os filhos italianos depende dos pais até os 40 anos e não saem de casa pois nao conseguem se sustentar;
*Quando ouvem que as mulheres italianas não penteiam o cabelo depois de fazer a escova;
*Quando dizemos que a qualidade Made Italy é inquestionável sobre a indústria de calçados mas que o gosto é duvidoso;
*Quando dizemos que as praias não são bonitas. Logos eles citam as praias do sul da Itália para se renderem.
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Se eu lembrar de mais alguma coisa eu posto mais tarde. Se alguém passar por aqui e quiser deixar uma observação, eu acrescento com devidas honras.
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Ciao!

domingo, 9 de maio de 2010

A realidade do sonho

Apesar do pouco numero de comentários que o blog tem eu recebo uma quantidade razoável de e-mails perguntando sobre a Itália. Já observei que as pessoas sonham os meus sonhos ou, na hipótese mais justa, têm sonhos iguais aos meus. Afinal, conhecer o mundo é uma vontade de grande parte das pessoas. Aí eu fico pensando, será que quem me lê imagina que neste meu mundo nem tudo é sonho?

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Sou a pessoa mais indicada para responder e posso dizer que não. Ir para outro país, conhecer outras pessoas, viver novas experiências, ver o mundo com os próprios olhos já deixou de ser sonho para mim transformando-se numa realidade. E este tem os seus altos e baixos como em qualquer lugar no mundo na vida de qualquer pessoa. Pensei muito antes de começar o assunto que quero abordar neste post. Não ia fazê-lo pois inclui em abrir muito a minha vida. Porém me sinto no dever de falar do outro lado da moeda.

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Em alguns posts passados tenho falado sobre problemas que tenho enfrentado. Para ser mais exata trata-se do renovo do meu permesso. No início deste ano eu o perdi da forma mais seca possível. Procurando fazer o certo, fui a Questura para saber sobre o andamento do meu processo de renovo e saí de lá sem os meus documentos provisórios e com uma carta que dizia que tinha que sair da Itália em 15 dias ou fazer causa. Naquele dia, voltar para casa foi difícil. As lágrimas banhavam o meu rosto e eu não conseguia me concentrar no caminho que tinha que fazer. Me sentia como se estivesse em um filme e este era rebobinado de uma hora para outra. A possibilidade de voltar para o Brasil de forma inesperada me desesperou. Para completar a cena, tinha mudado de cidade e não tinha trabalho.

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Em duas semanas precisei arrumar um advogado e pagar a primeira parte do processo o que significa que o dinheiro que eu tinha para me manter até arrumar um emprego foi todo numa só tacada. Voltei para a cidade que morava antes, arrumei um emprego e fiquei esperando o resultado do processo que parecia ser longo. No último dia seis foi a primeira audiência que foi bastante positiva para mim. Terei uma outro no próximo dia 10 que será definitiva. Tudo isso aconteceu nos últimos três meses. Neste período emagreci de nervoso, perdi sono, pela primeira vez senti tanto medo que precisei de colo (e tive) e chorei muito.

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O resultado está encaminhando de forma positiva mas eu sei que poderia ser o contrário. Poderia ter pego o dinheiro que tinha e voltado para o Brasil. Com saudades de casa, cansada de algumas pequenas coisas que me aborrecem na Itália e, com esta última, me sentindo pior que uma criminosa com carta convite para sair do país, eu tinha bons argumentos para voltar. Por que não o fiz? Porque eu me arrependeria se não tentasse permanecer na realidade do meu sonho. Hoje eu tenho escolhido o que viver. Aprendi, ao longo dos anos, que a minha felicidade depende somente de mim e que sou feliz aqui fazendo o que eu faço. Voltar ao Brasil significaria responsabilizar os “vigili” italianos, que erraram no meu processo (e quem está pagando sou eu), pela infelicidade de não continuar naquilo que sempre batalhei. Ser responsável pela minha felicidade me faz olhar de forma séria para mim mesma e não deixar passar batidas as oportunidades que aparecem. Isso não é egoísmo nem arrogância, é amor próprio.

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Para concluir, deixo um recado para quem quer viver a tão sonhada experiência internacional. Cada experiência é única e varia conforme o filtro pessoal de cada pessoa. Por isso, é um prazer dividir meus sonhos com você mas se é o que quer para a sua vida saiba que na realidade do sonho existem tantas dificuldades como na sua vida aí no Brasil.

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Ciao e arrivederci!

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Ps.: No post anterior prometi fotos de Trieste. Infelizmente tentei postar algumas mas o blog nao deixou, desconfigurou tudo. Entao, sinto muito e fica para outra oportunidade. Estou pensando em criar um album somente para fotos. Vamos ver.