quarta-feira, 16 de junho de 2010

Addio

Certa vez falei sobre “abrir portas” e agora chegou o momento de “fechar portas”. Acredito que a vida são etapas que vivemos e, cada etapa vencida você fecha um percurso. As formas como isso acontecem podem ser diversas: com gosto de vitória, de derrota, de que se podia fazer diferente etc.

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E o blog faz parte de uma etapa na minha vida. Quando cheguei à Itália queria compartilhar tudo o que sentia e via. Tinha vencido a etapa do chutar tudo e voar, ver o mundo com os próprios olhos. Venci esta etapa. Teve gosto de vitória. Em cada post, fui compartilhando meu mundo, abrindo um pouco também a minha alma. E foi assim que chegaram até a mim desconhecidos que se importantíssimos na minha vida. Foi pelo blog que conheci novos amigos, descobri admiradores, vive um belo romance, encontrei forças nos momentos de crise.

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Agora é hora de fechar esta porta e concluir esta etapa. Por isso, quem estiver me lendo, quem se sente incluso entre as pessoas que eu disse acima, obrigada. Vocês foram muito importantes para mim. Todos os pensamentos positivos que me enviaram, eu retribuo em dobro.

Não vou dizer que volto. O amanhã é uma incógnita.

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Por enquanto, addio!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Carta ao Amor

Ciao, amore mio!

Gosto de escrever cartas para mim, mas hoje resolvi de fazê-la para você. 12 de junho, mais um dia dos namorados sem você, sem os seus abraços. Sei que é estranho mas sinto saudades de alguém que ainda não chegou na minha vida. Porém, sabe quando sente que já existe? Assim é você para mim.

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Tenho te esperado por muitos anos e, neste percurso, errei tantas vezes em confundir-te com outros. O resultado são joelhos esfolados e mãos arranhadas. Quando você chegar, não olhe pare isso. As marcas são apenas para lembrar que tentei te encontrar. Agora não procuro mais. Sei que virás ao meu encontro. No livro (que pretendo ler em breve) “Diário da tua ausência”, Margarida Rebelo Pinto diz que “o amor na espera nos ensina a ver no futuro, a desejá-lo, a organizar tudo para que ele seja possível”. E é o que tenho feito> coloquei meu coração em ordem, já enfeitei meus cabelos com margarida e canto canções de amor.

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Às vezes fico imaginando aonde estás agora. O que tens feito? Será que está com uma turma de amigos discutindo “retórica” ou faz mais o estilo de questionar a idéia do diretor após assistir um determinado filme? Qual idioma que fala? Gosta de viajar? Torcemos para o mesmo time? Somos parecidos ou totalmente diferentes?

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Não sei nada sobre você. Sei apenas que já te amo. Também sei que vou me ver e me perder nos teus olhos, que o teu abraço será minha muralha contra o mundo, que não me sentirei ridícula ao soluçar na sua frente e que em cada vitória eu te verei ali ao meu lado.

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Também sei que vou saber te ouvir, te entender, que serei tua amiga, vou de dar força nos teus sonhos e projetos, vou dizer não quando tiver que ser, vou dizer “ok, estou com você” mesmo que todos digam que é loucura mas o coração me disser para fazer, vou me irritar com algumas coisas mas vou saber relevar e dar gargalhas espontâneas de suas bobeiras.

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Eu tenho muitos planos, todos pensando somente em mim, nas minhas necessidades atuais. Porém, eles são flexíveis para quando você chegar. Um dos meus planos é conhecer o mundo, você topa?

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Ainda não sabes mas aprendi a cantar “Eu sei que vou te amar”, de Tom Jobim, somente para poder declarar-la quando nos encontramos. Não ousarei cantar mas se olhares dentro dos meus olhos ouvirá o coração no mesmo ritmo da música.

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Ah, quando você chegar, não é preciso bater na porta nem sonar a companhia. Apenas entre. Já estou esperando por você. Eu sei que você vem.

Ti voglio tanto bene, amore mio!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Depois da tempestade, o permesso

No dia 15 de fevereiro deste ano vivenciei umas das experiências mais difíceis da minha vida na Itália. Como contei aqui, perdi o meu permesso e recebi uma carta das autoridades italianas dizendo que tinha 15 dias para sair do país ou fazer causa. Quem esteve perto de mim sabe que perdi o chão. Mas resolvi lutar e, mesmo sem emprego, fui buscar um advogado para me defender.

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Quatro meses depois eu consegui rever o meu permesso e, melhor, mudei de classificação. Saí do família e passei para permesso de lavoro (trabalho). A vantagem é que agora não dependo mais da minha prima e posso ir para onde quiser dentro da Itália, porém tenho sempre que estar trabalhando com carteira assinada.

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De tudo, fica a sensação que venci uma batalha e que me livrei de uma gaiola. Aliás, me sinto um pássaro. Daqueles que fazem ninhos nos mais altos picos e tem prazer em dar vôos rasantes nos precipícios. Às vezes assusta e eu sei que não sou alguém dotada de sorte ou algo fora do comum. Sou uma pessoa normal, que precisa de colo, de apoio, que tem medo, que acha que não vai dar, mas sempre luta para realizar os objetivos.

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Nisto tudo eu tenho que agradeçer à todas pessoas especiais que me deram força, ânimo e me encorajam. Inclusive quem vem aqui e mandou energias positivas para mim mesmo sem eu saber quem seja, viu Eva! Como disse Abraham Lincoln “estranhos são amigos que ainda não conhecemos”. Obrigada de verdade! Vocês foram fundamentais neste processo.

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Como se diz em italiano: Grazie mille!