quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Toda a diferença .... em 2011!

Eu acho mesmo que a disposição que a pessoa tem de lutar pelo que lhe faz feliz determina quem ela é, simples assim. Lutar pela felicidade não é fácil, muito antes pelo contrário. No mais das vezes, implica tomar o caminho mais difícil, abandonar o conforto do seguro e certo e decidir enfrentar obstáculos, situações imprevisíveis, críticas ferozes, repressão. Implica fazer escolhas, se posicionar, defender suas opções, lastreá-las nos valores que acreditamos e podemos defender, inclusos aí o valor do próprio desejo, da busca do que se quer a despeito das convenções, necessidades ou exigências alheias. Implica ser capaz de saber o que se quer e ter forças para tentar. Implica, também, é claro, acreditar que se é capaz de conseguir, ou obviamente jamais se trocaria o que se tem pela certeza de um insucesso, ou pelo acachapante terror de que isso aconteça. Portanto ser feliz depende de confiar em si mesmo, na sua capacidade, na sua força e na força do seu amor, do seu desejo, do seu querer. Parece óbvio, mas não é.
Portanto, que eu siga com a coragem de ser fiel a mim e ao que quero, que eu não perca nunca o discernimento do que me serve, do que é bom para mim, do que me sustenta e nutre, do que alimenta a minha alma, do que me faz bem, do que me ilumina e me eleva. Que eu jamais tenha medo de abdicar do conforto das certezas em nome do que eu acho que me fará feliz, ainda que eu saiba que esperam outra coisa de mim. Que eu jamais perca a fé em mim mesma, que a minha felicidade nunca tenha valor menor do que o contentamento alheio, nem que a responsabilidade, nem que o bom senso. Que eu não envelheça antes de estar velha, que eu não desista de viver o que quero, que eu jamais me arrependa de não ter tentado tudo, de todos os jeitos, inclusive os impensáveis, os inconseqüentes, os reprováveis e pouco recomendados. Que eu não me desculpe com a vida, que eu não despiste os meus sonhos, que eu jamais deixe de ter a consciência da efemeridade de tudo e todos. Que eu nunca precise me afundar no que quer que seja para me sentir menos frustrada porque minhas lacunas essenciais já são grandes e difíceis o suficiente. Que eu jamais escolha não amar: nem por medo, nem por pena, nem por covardia, nem por absolutamente nada nem ninguém. By, Ticcia.
.
O belo texto reflete tudo o que eu penso e faço. A fada das mão, mais conhecida como Ticcia, teve a capacidade de entrar no meu mundo e me descrever tão bem nestas palavras. E é isso que eu desejo para 2011, que todos nós possamos lutar para sermos felizes sem perdermos a fé e a esperança.
.
Feliz Ano Novo a todos!

domingo, 26 de dezembro de 2010

Carta de Dezembro

Ciao Cláudia,

Já se passaram tantos meses e somente agora volto a te escrever. Sendo esta a última carta do ano não poderia deixar passar em branco. E que ano, hein? Meses atrás eu diria que 2010 foi terrível mas não é verdade. Foi incrível. Muito difícil, é fato, mas com oportunidades que me fizeram crescer e amadurecer ainda mais. Nestes 12 meses eu lutei pelos meus sonhos, amei, fiz novos amigos, mudei de emprego, conheci novos lugares, provei comidas diferentes, ouvi músicas diversas, ouvi pessoas sábias e outras estúpidas, vi a vida com outros olhos, me decepcionei com pessoas queridas, decepcionei outras, (re)defini meus objetivos de vida (era tempo!). Enfim...
.
Os aprendizados foram tantos que fico contente de te-los vivido. Aprendi que mesmo agindo de forma correta não significa que tudo irá bem. Pode haver uma pedra no meio do caminho. Então vai ser momento de decidir se vou removê-la ou voltar a atrás para pegar impulso e saltar-la ou simplesmente mudar o caminho. Como diz o provérbio africano “não olhe para onde caiu, mas onde você escorregou”.
.
Com muito custo aprendia negociar o meu salário. Confesso que ainda me sinto desconfortável em relação a dinheiro mas se eu não definir quanto custa o meu trabalho sempre vão tirar por menos e isso não é justo nem certo comigo.
.
Outra coisa bacana que aprendi foi minimizar os problemas. Eles existem, é fato, mas é importante ver com simplicidade o que realmente pode ser feito, fazer o melhor, e quando não for possível fazer algo, aceitar que é assim. Priorizar o que tem que ser feito também é importante. Estas pequenas atitudes têm me ajudado a dormir melhor.
.
Este ano também surgiram pessoas queridíssimas para mim que se tornaram tão importantes e fundamentais neste meu processo de amadurecimento. Espero que elas estejam aí com você no futuro.
.
Faltam cinco dias para dar adeus a 2010 e tenho pensado muito sobre os caminhos que seguirei. Algumas decisões já foram tomadas mas algumas outras ainda espero as peças certas do quebra-cabeça para poder montá-lo. Tudo há o seu tempo. A sensação é que limpei minha casa interior, joguei fora muitas muambas acumuladas, algumas coisas importantes mas que não faziam mais parte da minha história e esta tudo vazio a espera de um novo inquilino. Acredito que 2011 será ainda melhor. Minhas expectativas são ótimas.
.
Cláudia, desculpa se neste ano tomei decisões que te marcaram profundamente. Acredite, e sei que você sabe, estou fazendo o meu melhor. Ainda vou errar muito mas te prometo sempre procurar forças pra recomeçar e aprender com os erros. De tudo eu sou muito feliz por ter um Deus maravilhoso, ter uma família com a qual eu posso contar além de saúde e um caráter positivo.
Para o próximo ano, de tantas coisas que nós precisamos, eu vou nos desejar viver o amor. Sim, merecemos isso e acredito que está muito perto de acontecer. Um amor sincero, real e tão grande como este que temos a oferecer. Ele vem!
.
Um grande abraço e até o próximo ano.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Feliz Natal!

Stella di Natale a Verona

Na primeira semana de novembro já dá para sentir o clima de natal. Indiferente se gosta ou não das músicas, elas entoam de qualquer parte. Do ambulante na praça ao restaurante mais refinado. E, no mundo cristão, as pessoas são envolvidas pelo clima natalino mesmo se não comemoram a data (como eu). São poucos os eventos que conseguem criar esta unidade nas pessoas.
Em 1968, há exatamente 42 anos, os astronautas Frank Borman, Jim Lovell e Bill Anders liam a passagem bíblica de Gênises sobre a criação do mundo no panorama mais inusitado do planeta Terra, a Lua. Naquele 25 de dezembro, através de seus rádios, diversas pessoas do mundo inteiro se sentiram unidas no mesmo espírito de celebração e paz.

E é sobre a união que eu me firmo e que desejo a todos. Mas me refiro de um modo mais amplo e no mesmo tempo intimista da palavra pois sempre nos atiramos àquilo que nos separa dos nossos sonhos, objetivos, propostas etc. E isso traz sofrimentos e angustias pessoais.

Então, neste Natal eu te desejo união e que esta possa te fazer viver com mais amor e paz.

Feliz Natal!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Meu analista é francês!

Ciao Panda, nos encontramos no futuro! - Foto em frente ao Louvre

Ontem, 14/12, escrevi no Facebook: “A vida pode ser injusta mas eu uso os desafios como uma razão para continuar andado em frente. Que comece o próximo round!”. Como disse anteriormente, Paris foi um desafio para mim no senso que conhecia os meus limites e me propus ultrapassá-los. Viajar sozinha, mais uma vez, foi muito bom pois enquanto andava pelas ruas fui pensando em tudo o que me ocorreu neste ano, nos desafios que surgiram, nas vitórias, conquistas e perdas. Foi passeando pela margem do Sena que percebi que estava em mais uma sessão de análise. E, sem dúvida, os momentos comigo mesma foram marcantes.
.
A Cidade Luz secou as minhas lágrimas, me ajudou a superar alguns obstáculos e me permitiu olhar para os momentos difíceis de 2010 como lições que me fortaleceram ainda mais. Lembrei-me de uma Cláudia cheia de vida e fiquei com vontade de vivê-la novamente. As rugas, cicatrizes e história não me permitem ser a menina de 25 anos que já fui, mas posso ter a mesma garra. E voltei assim, acreditando que mereço o melhor e que somente eu posso lutar para que isso aconteça.
.
Também percebi que estar ali, naquele momento, tinha sido uma escolha minha e se estava feliz porque tinha lutado por isso. Enquanto o vento levava as folhas caídas na calçada e castigava a minha pele, observei que eu estava inserida naquele contexto e pensei “estou viva”, e depois pensei nas pessoas que não vivem os seus sonhos, deixam seus domingos passarem deitados no sofá de casa vendo o domingão do Faustão, acreditando que diversão é ir ao Shopping Center, que para ser feliz precisa ser mulher (revista) “Nova”, que é preciso ter (muito) dinheiro etc. Agradeci a Deus por ver o mundo com os meus olhos e saber que pra ser feliz basta abrir a alma para a felicidade e ela vem até você.
.
Esta viagem também foi de despedida. Na Itália eu tive a felicidade de ter um bom encontro com um certo pandinha. Quando nos encontramos combinamos que conheceríamos o mundo juntos. Os planos eram de viajarmos no teto de um dos trens da Ásia, de provarmos gostos, ver cores, conhecermos pessoas diferentes que nos permitisse nos questionar e crescermos como pessoas. E juntos fomos a Buenos Aires, Trieste, Verona, Cortina D’Amprezzo, Padova, demos uma volta em Treviso e, é claro, Paris. E foi a nossa última viagem juntos. Foram muitas descobertas e trocas mas chegou um momento que os nossos roteiros se dividiram. A estrada dele seguiu para uma parte e a minha, outra. A separação é apenas momentânea e, apesar de não ter uma data definida, combinamos que ainda vamos planejar outras viagens juntos. Até lá cada um vai cuidando da sua própria bagagem e definindo os pontos de chegada. Lembrando apenas que o Rio de Janeiro faz parte do plano de cada um. Quem sabe lá? Enquanto isso lembramos apenas do que Wilson Sideral soube cantar muito bem “eu estarei com você e você estará comigo”.
.
E o ano esta acabando!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Pensamento do dia


"Se você assumir a responsabilidade de dar o primeiro passo, você irá desenvolver uma fome de realizar os seus sonhos". Les Brown

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Paris é assim para mim(2)



Ainda estou em clima de nostalgia de Paris. Consigo ouvir o som melodioso do acordeon que era tocado dentro do metro; do som do francês falando “bonjour madame!”; do gosto bom da comida. Eu quero voltar! Preciso de mais.
.
Depois do “diário de bordo” posso deixar algumas das minhas impressões sobre a viagem a começar pelo “pé na jaca” que contei. Eu comprei um Nokia 5230, com GPS, justamente para evitar o ocorrido. Qual não foi a minha surpresa ao chegar lá e ver que não funcionava na França. Não sei qual o motivo mas na Itália funciona bem. E para quem fez, mentalmente, a pergunta se eu carreguei o mapa para o cel., digo que sim caro mio!
.
O frio foi o meu maior inimigo. Sério. Mesmo acostumada com baixas temperaturas não contava com o vento que fazia piorar ainda mais a situação. Andar a pé foi complicado. Senti a face congelar e tive dificuldades de conversar com um casal paulista que conheci na Torre Eiffel. Chegando em casa percebi o estrago que havia acontecido na minha pele.
.
Já disse anteriormente mas tenho que repetir: os franceses usam pouco a buzina. Mesmo em um congestionamento não se ouve tanto barulho como somos acostumados no Brasil. Questão de educação no transito ou inteligência, pois sabem que apertar a buzina não vai fazer os demais carros desaparecerem como por um passe de mágica? Como exemplo vivi algo para confirmar o que digo. Enquanto tentava bravamente me encontrar pelo mapa fiquei parada no meio da rua que mais parecia uma calçada. Quando me dei conta havia um carro parado esperando que eu saisse. E o motorista buzinou para que eu me tocasse? Não.
.
Como meu planejamento de ir a certos pontos foi pro brejo, inclusive restaurantes, coloquei na cabeça que a comida tinha que me surpreender em qualquer lugar que eu entrasse. Mamma mia, consegui! Perto do albergue que fiquei, bem na saída do metrô de St. Paul, tinha uma pasticceria que me deixou louca. Agora eu abro um espaço para dramatizar um pouco, ok? Após a primeira mordida num macarron eu fui ao céu e voltei (tinham outros para provar ainda..rs). Alguém me explica o que era aqui? Comprei os sabores baunilha, pistachio,café, chocolate e framboesa. Gostei mais dos dois primeiros. Também comi o melhor brownie da minha vida. E os muffins? Alguém me acode! E as tortas? E o creme quente ao rum?
.
Já falei dos vinhos? Ahhhh, deixa eu voltar, s'il vous plaît? Para esquentar o sangue, enquanto caminhava a ermo, comprava o quente que é uma delicia. No restaurante eu escolhi um vinho vermelho, que não lembro o nome, mas que não dava para sentir o teor alcoólico. Apesar de ser bom, errei no tipo pois era para acompanhar um salmão que pedi. O prato estava uma delícia. Vinha com vagens cozidas no azeite. O “caldinho” do limão escorrendo no prato e se misturando à comida deu um “tcham” inesperado.
.
Algo que eu queria comer era queijo (sou mineira e não nego a raça) e escolhi um mix de formaggio para provar. Alguns são muito fortes. Tem que ser francês mesmo para comer com naturalidade.
Teria que ficar uma semana lá, e com muito dinheiro, para comer tudo o que queria e não foi possível. Fica pra próxima o scargot e Cia! Ah, e detestei o crepe. Sei lá, acho que não dei sorte. Nos dois lugares que comprei a massa era sem gosto.
.
Fazendo comparações:
O café francês é horrível, uma água suja como dizem os mineiros, em confronto ao café italiano, que é forte e marcante. Fora que é caro demais, 4,50€;
O brasileiro deve gostar mais do cappuccino feito na França pois leva chantilly;
Para o paladar brasileiro os doces franceses são melhores que os italianos. Mesmo já adaptada ao paladar daqui não gosto dos doces produzidos na “Bota”. A maioria é do tipo biscoitos. Na França tem mais açúcar.
Os italianos são mais bonitos e elegantes que os franceses. Surpreendi-me com as francesas neste quesito. Não são tão produzidas como as italianas.
Paris é uma metrópole turística, ou seja, limpa no centro e um pouco suja na região de entorno. Bem diferente da provinciana Treviso que é limpíssima.
.
E sobre encontros e despedidas em Paris eu conto no próximo post, ok?
.
Au revoir! (;p)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Paris é assim para mim

Atenção: Post bastante grande, quase "diário de bordo". Senta que lá vem história!
.
Ricardo Freire diz que viaja para ver se encontra uma cidade mais encantadora que o Rio de Janeiro (veja o vídeo). Já a Flávia Mariano (veja o vídeo) viaja porque o mundo é a sua casa. Eu viajo para me colocar em confronto, para sair dos meus paradigmas, para ser contestada, para mudar pois sei que com esta mudança estou me transformando em uma pessoa melhor. E Paris fez um pouco de tudo isso comigo! Esta viagem me fez ultrapassar alguns obstáculos como o medo de ir a um lugar sem o conhecimento da língua, algo muito comum a tantas pessoas.
.
O vôo saiu de Treviso à Beauvais. Aliás, a viagem já demonstrava que seria boa com um belo italiano lançando algumas olhadas muito interessantes (Como desejei que o assunto desenrolasse e ele me convidasse para fazermos a viagem juntos!). Chegando à pequena cidade francesa foi preciso fazer o percurso de 1h30, de ônibus, até Paris. Fazia um frio terrível. No caminho conheci uma garota italiana que acabamos trocando cel. e ID no Facebook. Pela janela percebia que tinha nevado no lugar. O percurso é um pouco longo e, de cara, conheci o congestionamento parisiense. Ao atravessar uma das tantas pontes da cidade vi a Torre Eiffel toda iluminada servindo como um farol para os viajantes.
.
Na estação de ônibus resolvi o meu primeiro obstáculo. Como usar o sistema de Metrô e chegar ao meu albergue? As irmãs da italianinha me ajudaram e parei no Metrô St. Paul, no Marais. O albergue MIJE (o melhor que já fiquei e recomendo veemente) fica perto mas meu sistema de orientamento é péssimo (conto mais a frente), quem me conhece sabe do que estou falando, mas foi preciso pegar um taxi para chegar ao local. Claro que como turista fui explorada pelo taxista. Ele simplesmente ativou o navegador depois que viramos a esquina de onde estávamos e assim fizemos um percurso mais longo e ele ganhou um dinheiro fácil. A inicio ele deu a entender que não sabia onde era a rua, no outro dia eu descobri que era no quarteirão de trás!
.
Costumo dizer que viajo sozinha mas, na verdade, meus amigos estão sempre comigo. E foi assim na hora de fazer o check in. Para conversar com o atendente liguei para a minha amiga Debby (grazie mille amica) que resolveu tudo para mim. Aliás, ela ligava varias vezes no dia para saber se eu estava bem! O quarto, para oito pessoas, tinha duas coreanas, uma italiana e duas francesas. E foi assim que somente com italiano e português eu conheci pessoas de outras nacionalidades que foram super gentis comigo.
.
Primeiro dia. Resolvi seguir o roteiro sugerido pela Adriana. Comecei pela Place des Vorges que é uma praça linda, cheia de árvores, monumento e chafariz, rodeada por casas que foi um palacete real. Segui até a Bastilha e me decepcionei em ver que era apenas uma coluna com uma estátua dourada no topo e que fica bem no centro de uma rotatória. A partir daqui pisei na jaca. Lembra o meu péssimo orientamento? Com mapa e com indicação do bombeiro eu consegui me perder e não saber onde estava. Eu olhava o mapa e pensava “mas eu estou andando por aqui então pq não vejo esta rua?”. Simplesmente porque eu estava retornando o caminho porem pela rua de trás! Resolvi relaxar e ir tirando fotos dos lugares que ia passando. Afinal o bom de se perder é que você para em lugares que não havia planejado.
.
E foi assim que no meio do caminho surgiu Nostre-Dame. Impossível não reconhecê-la. Cenográfica e impactante. Bela e gótica. Trágica. Antes de entrar parei em uma das barraquinhas para um almoço bem frances: panini e vinho quente. Fiquei admirando a catedral enquanto lembrava da história de amor de “O corcunda de Nostre-Dame”. Acredito realmente que seria difícil uma história ter final feliz com aquele cenário embora seja lindo. Por dentro impressiona ainda mais. Era hora de missa e eu parei para ouvir o canto entoado por um dos sacerdotes. A música e toda aquela arquitetura deixavam o ambiente ainda mais envolvente. Tirei algumas fotos e de souvenir trouxe uma moeda fusa com a imagem da catedral. A entrada é gratuita mas para subir na cúpula é preciso pagar e entrar na fila. Como fazia um frio terrível e ventava, descartei a idéia.
.
Segui em direção da capela Saint-Chapelle que fica na mesma ilha e no quarteirão da frente. Outra fila mas desta vez para passar pelo detector de metais. Pensei em desistir pois o vento estava maltratando mas se fizesse isso não entraria em lugar nenhum então, quem está na chuva é para se molhar, certo? Na bilheteria comprei o Museum Pass Parigi.
.
A capela foi construída pelo rei Luís IX como um relicário para abrigar a Coroa de Espinhos que ele havia ganhado do imperador de Constantinopla, Baldovino II. Na realidade foi uma decisão política para se manter no poder em uma época em que os soberanos reinavam por direito divino. Hoje a coroa faz parte das relíquias de Nostre-Dame mas ir até a capela você se sente dentro de um porta-jóias com seus enormes vitrais ricamente trabalhados e os lampadários.
.
E foi caminhando despretensiosamente que me encontrei em frente ao Hotel de Ville que é a prefeitura. Uma construção linda bem protótipo do que se imagina a França: telhados azuis, paredes brancas, estátuas rebuscadas na frente. Um verdadeiro palácio.
.
Perdi muito tempo andando ao ermo e, como já estava escurecendo, resolvi ver a Torre Eiffel de noite. Segui pela Champs-Elysees admirando a iluminação de natal por toda a avenida. O congestionamento era incrível mas me impressionou o fato de não ouvir tantas buzinas. Alias, percebi que o francês faz pouco uso da bendita, somente o necessário. Pelo mapa sabia que passava em frente de um monumento e outro e ia registrando na mente em quais eu deveria voltar. Quando cheguei à Torre senti aquela coisa boa e meu subconsciente me dizia: ninguém esta te contando como é, você está aqui vendo! A satisfação nesta hora não se pode traduzir em palavras. É preciso viver tudo isso para entender o que falo.
.
Na volta ao albergue encontrei um francês muito simpático que me ensinou como usar o metrô, a fazer a troca de estação. Foi comigo até o meu destino. Ele se desdobrava no inglês e no espanhol para que eu pudesse entender tudo. No final ele queria saber se ficaria mais dias pois havia gostado de mim. Dei uma boa desculpa para contornar a situação pois esta viagem era necessária ser feita apenas comigo mesma. Havia se transformado em uma terapia. Entre fotos minhas e do pandinha, pude refletir sobre questões pessoais e ia me sentido mais leve, aliviada.
.
Segundo dia. Acordei cedo para aproveitar melhor o dia e o destino foi o Museu do Louvre onde fiquei por toda a manhã. O metrô pára em uma das galerias subterrâneas e ao entrar realmente no museu você dá de cara com a pirâmide invertida que tem na recepção. O lugar é enorme e precisa ter definido o que deseja ali dentro. Ou vê tudo, e vai ser necessário mais de um dia, ou escolhe as seções conforme o gosto. Claro que onde está a Monalisa é cheio de pessoas. Porém, apesar de entender todo o valor da obra, existem tantas outras coisas mais bonitas para serem vistas. Por todo o museu existem placas dizendo que não se pode usar o flash. Tempos atrás haviam tentado impedir os visitantes de fotografarem mas a missão é impossível. Quer ver um asiático ter uma crise nervosa? Tire a câmera fotográfica de suas mãos ou a deixe sem funcionar. Por fora do Louvre fiquei admirando a arquitetura. Muita beleza para meus olhos. Também foi onde tirei uma das fotos que mais gostei nesta viagem.
.
Hora de conhecer o Ópera Garnier. Imperdível o lugar com sua beleza incontestável. Infelizmente não vi o palco, a parte da apresentação, pois acontecia um ensaio para uma peça. Ali perto estava a Galeria Lafayette onde acontecem os lançamentos mais importantes de moda luxo e tem as mais importantes lojas do mundo. Fui até a entrada e voltei. Sinceramente, mesmo sabendo que é bonita, que é luxo etc., eu não ia perder tempo num shopping center (que é o que é!) enquanto eu tinha a Cidade Luz me esperando. Assim como ninguém vai ao Rio de Janeiro para conhecer um dos modernos shoppings eu não fui a Paris para isso.
.
Próxima parada Museu dos Inválidos (ou Museu Militar). No mesmo lugar tem a cripta onde estão depositadas as cinzas de Napoleão Bonaparte. Como o lugar é muito grande eu fui olhando a ala que direcionava a seção onde veria o santuário construído para o Imperador. De lá, corri para ver a Torre durante o dia. O passeio pela região foi maravilhoso. Olhar os cafés franceses, as barracas de frutas nas esquinas, as crianças retornando da escola me fazia andar com um sorriso nos lábios. Bom demais viver tudo isso. As fontes, os monumentos espalhados em cada ângulo da cidade faziam meus olhos brilharem.
.
Andei em direção ao Arco do Triunfo aonde subi os degraus para ver a Champs-Elysees de noite. Acho que teria valido mais a pena se fosse de dia. Depois, resolvi terminar a noite andando pela avenida contemplando as elegantes vitrines e, mais a frente, as barraquinhas de natal. Ali, pausa para outro vinho quente e comer algo para matar a fome.
.
Com 12h de passeio era o momento de voltar ao albergue. Os pés me pediam para sair de cima deles. As coreanas ficaram penalizadas com meu estado e me deram pomadinha para passar nos calos. Banho, cama, sono. Seria perfeito se uma das francesas não tivesse me acordado de noite pensando que era eu a que roncava. O susto que levei em acordar sendo sacudida e sem entender nada. A italiana que me explicou o que acontecia. E o pior é que quem roncava era a outra francesa, pode?
.
Terceiro dia. Pouco tempo para fazer o que queria mas segui em direção oposta a tudo e fui a Igreja di Sacro-Cuore de Jésus. Outra preciosidade. Bem no alto é possível ter uma boa visão da cidade. Lembrava um filme antigo. Como fazia muito frio, vi Paris pelos telhados, com suas chaminés saindo fumo, aquela névoa encobrindo as ruas. Ali perto estava o Moulin Rouge mas não fui vê-lo. Preferi voltar para andar pelo bairro onde tinha me hospedado e comer num restaurante. Ah, claro, enquanto isso eu ia parando nas pasticcerie para comer os divinos doces franceses. A comida vai receber um post a parte.
.
E assim terminei a minha viagem à Paris. Haverá outros posts sobre o assunto pois tem muita coisa para dizer. Aguardem.
.
Ah, lembram do italino no embarque? O encontrei novamente, no retorno. Desta trocamos não apenas olhares mas até um bate-papo engraçado. Ah se dou sorte de encontra-lo em Treviso.
.
Segue o link do álbum de fotos.
.
Au revoir!