sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Il caldo italiano (o calor italiano)


Desde o último sábado a Itália vive uma onda de calor que têm feito várias vítimas principalmente entre os idosos e crianças. A sensação abafada nas cidades chegou justamente no retorno das férias o que deixa muitos italianos desesperados no momento de ir trabalhar. Para mim, um dos piores momentos é a noite para dormir. Sem ar condicionado, usando apenas o ventilador, não consigo dormir. Do pouco que consigo, é um sono que não descansa. Transpiro toda a noite. Os cabelos acordam molhados. Se alguém disser que europeu não sabe o que é o calor do Rio 40° posso dizer que está enganado. Conhecem sim. Como as paredes das casas mais antigas são largas, os ambientes internos mantêm a temperatura quente. Sem ar fresco ventilado, o jeito é fechar as janelas e manter as taparelas baixas.

Claro que a temperatura alta também serve como argumento para começar uma conversar com o vizinho. Igual em qualquer parte do mundo. A diferença é que aqui sempre termina dizendo: Vedrai che presto cominciamo a lamentare del fredo! (Vai ver, daqui a pouco começamos a lamentar do frio!). Melhor assim pois não estou mais agüentando a temperatura de 37° dos últimos dias.

E o Meteo.it traz uma boa notícia: está previsto, para amanhã, chuva e temperatura de 23°. E toda a semana com termometro abaixo dos 30°. Aleluia! Contagem regressiva para o Outono.

Baci

sábado, 20 de agosto de 2011

Enquanto isso


Minhas férias este ano foram bem modestas. Escolhi conhecer cidades em que eu podia fazer bate e volta e assim economizar no hotel. Fui a Ferrara e Mantova, faltando ainda Bolonha e Parma. Apesar de pequenas viagens me sinto no sétimo céu. Basta começar as pesquisas sobre o que fazer em cada cidade que já me transformo. Para melhorar meu humor, ou melhor dizendo, pra me fazer feliz, basta entrar no trem e ver as paisagens passando por mim. A sensação é libertadora. Como eu disse aos meus chefes, eu me sinto uma eterna turista na Itália.

E foi falando das minhas férias para uns jovens do bar, aonde gosto de tomar meu cappuccino, que acabei revelando ser uma jornalista no Brasil. Antes quero explicar uma coisa. Apesar de ser baby siter aqui, não me sinto uma de fato. Gosto das crianças das quais eu cuido, este trabalho é o que me mantêm dignamente mas para mim é apenas uma fase, um momento da minha vida na Itália pois eu sei que vou conseguir ir por outros caminhos profissionais, àqueles os quais em vim buscar. Dito isso, posso dizer que os dois atendentes, Sara e Niko, ficaram surpresos com aquela reveleção. E contei um pouco da minha história, de que estou aqui por uma escolha e não porque não tinha trabalho ou passava fome no Brasil, que gosto daqui, da importância de conhecer o mundo, de ir a outros lugares etc. E deixei a mensagem que é preciso sair do mundinho em que vivemos para ver o mundo com os próprios olhos e entendermos como ele é realmente grande e interessante. Acho que depois disso virei uma heroína para eles...rs!

O fato é que vendo as fotos das viagens, lembrando das sensações (e do calor) que senti em cada lugar, me veio a imagem do Bondinho do Pão de Açúcar e do Cristo Redentor na minha cabeça. É, o Rio de Janeiro continua lá no fundo do meu subconciente me convidando a ir conhecê-lo. E todas as vezes que leio algo sobre a Cidade Maravilhosa eu me dou conta de como é bello ser brasileira. Fazendo um zig-zag pela net, entre um link e outro, me deparei com a proposta do site da revista 4Rodas - Maravilhosa, sete roteiros para curtir e passear no Rio de Janeiro.

Sim, ainda serei turista também no Brasil. Saudades.


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Ferrara, Città del Rinascimento - III (FINAL)

Os meus cinco leitores sabem que eu gosto de me sentir livre nos meus roteiros, apesar de serem perfeitamente planejados, e sair andando sem rumo pelas ruas e becos dos lugares. Eu gosto de me perder e me surpreender com o que está fora do script. E a parte da tarde eu usei justamente para conhecer uma Ferrara sem mapa. Foi justamente assim que encontrei uma osteria escondida enquanto andava em direção ao Palácio dos Diamantes. Pequena e quente, localizada em frente à Igreja de Jesus, o restaurante tinha um cardápio simples, mas que me serviu uma especialidade local, o cappellacci com creme de leite e rúcula. Só para explicar, o nome é este mesmo e diferencia dos “primos” cappelletti porque o recheio é de abóbora e queijo parmesão (coisa de italiano que, se muda algo numa receita então é outra coisa e tem que ter outro nome). Como se diz por aqui: ho mangiato da Dio! Para acompanhar: água fresca, merecida pois o calor era digno de solo tropical, e um caffè para finalizar (não podia faltar).

Satisfeita com a delícia da mesa local (que mais uma vez me fez associar à Minas Gerais) fui andar despretensiosamente, e assim eu descobri o gueto judeu existente desde os primeiros moradores da cidade. Fechei o olho e me senti dentro de um filme. Podia sentir o barulho das carroças passando, o cheiro do esterco e esgoto, as pessoas andando. Talvez, quem sabe, prostitutas abordando possíveis clientes, criança correndo atrás de cachorro, homem bêbado na rua. Sim, sou muito fantasiosa e isso conta na hora de fazer uma viagem como esta. Melhor mostrar com imagens e tentar explicar cada coisa. Tentar! Já ia esquecendo: Ah eu com uma Nikon D90!


Cara de quem vai voltar!
De comer de joelhos: cappellacci de abóbora ao molho de creme de leite e rúcula


Próximo ao Duomo, uma das entradas medievais da cidade.


Em um beco qualquer.




Gueto judeu

Igreja de São Paulo
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E, pode ser que amanha faço outra viagem bate-volta. Destino: Mantova!
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Ciao a tutti!

Ferrara, Città del Rinascimento - II

Voltando ao Castelo Estense, pela rua de trás, está o Duomo, sec. XII, que em sua fachada tem uma profusão do estilo gótico e romântico com relevos representando cenas do Juízo Universal. Na frente, dois leões em mármore rosa fazem a guarda espiritual dos visitantes. A beleza da catedral é ainda maior no seu interior com pinturas de São Pedro e São Paulo, A virgem no céu com santa Bárbara e Catarina, esculturas do século 1400 entre outras preciosidades não captadas pelas fracas lentes da minha máquina fotográfica (*).

Já em frente ao Duomo está o Palácio Municipal com seu portão imponente que possui duas colunas adornadas com estátuas. Uma do marquês Niccolò III no cavalo e, a outra, do duque Borso d’Este no trono.


Ao lado do Duomo está a Praça Trento e Trieste, antigamente chamada praça das ervas, e foi por muitos séculos o principal mercado da cidade. É interessante notar no local que tem pequenos casebres construídos como se fossem um “puxadinho”. Ao observar o lugar pensei que daqui ha 500 anos os barracos brasileiros vão ser visto como uma importante arquitetura de nosso tempo (brincadeira)! Junto a este aglomerado está o campanelo do Duomo numa torre rosa e branco que se destaca na paisagem plana da cidade.

Ferrara, Città del Rinascimento - I

Domingo coloquei o pé na estrada para fazer uma das coisas que mais gosto, viagem bate-volta. Desta vez a escolhida foi Ferrara que da tanto já tinha vontade de conhecer. Sempre que passava de trem pela cidade a sua cor de tijolinho me despertava a atenção. Procurei mais informações sobre o lugar e os muitos adjetivos para a culinária local me convenceram a partir, leia-se pecado da gula. Reconhecida pela UNESCO, em 1995, como “Cidade do Renascimento”, Ferrara é uma daquelas surpresas italianas que infelizmente passam despercebidos aos olhos dos turistas menos atentos. Localizada na região da Emilia Romagna, somente 1h30 de distância partindo de Venezia, possui um centro histórico renascentista intacto onde é possível notar os primeiros projetos de planejamento urbano daquele período e que influenciaram os séculos seguintes. Soma-se a isso, além da culinária maravilhosa, italianos sempre sorridentes. Pronto, me senti como se estivesse em Minas Gerais, passeando por aquelas cidades esquecidas pelo mundo, tranqüilas e com aroma da cozinha saindo pelas janelas! Por onde passava eu pensava, lamentosamente: Ah eu com uma Nikon D90! (*).

Os primeiros registros da cidade são do sec. VII d.C., e vários príncipes governaram a região que foi uma das mais influentes e ricas da Itália. A mais importante de todas foi a dinastia d’Este que deixou forte legado com os seus castelos e fortes. A família subiu ao poder no final do sec. XIII até XVI quando foi obrigada pelo Papa a se transferir para Modena.

O Castelo Estense è o principal cartão postal da cidade. Construído por Niccolò II d’Este, após uma revolta popular, que entendeu ser necessário erguer uma fortaleza para proteger sua família. A construção é tudo o que eu tinha no meu imaginário sobre um castelo medieval (*): ponte movediça, foço, prisão e sala de tortura, cozinha com vários fornos, passagem secreta subterrânea para o edifício militar (hoje, Palácio Municipal) etc. Séculos mais tarde o castelo se transforma em residência da corte e, no Renascimento, transforma-se em um espaço luxuoso com as obras de vários pintores e artistas. Quem escolhe visitar o interior não corre o risco de sair com um torcicolo já que a administração disponibilizou grandes espelhos no chão que refletem pinturas do teto. Bela idéia!


Espelhos para ver as pinturas do teto!

Saí de lá para conhecer o Palácio dos Diamantes que fica alguns metros dali, mas no sentindo oposto que eu faria mais tarde. Projetado por Biagio Rossetti, o edifício recebe este nome devido os 8.500 blocos de mármore branco e rosa como se fossem pontas dos ângulos de diamantes. Hoje é um museu de arte moderna além de manter mostra contínua de obras de principais artistas renascentistas. Não entrei no palácio mas dava para ver que se preparavam para a próxima mostra A Paris de Modigliani, Picasso e Dalí, que começa no dia 11 de setembro.



sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Ordem e progresso... na Itália


Acabo de voltar do supermercado e me dei conta que há tempos queria falar como é fazer compras por aqui. A palavra de ordem é... ordem. Para começar não existe tantos funcionários rodando dentro do supermercado a disposição do cliente. Já sabendo disso todos colaboram de forma a manter o bom funcionamento e atendimento geral, que já não é uma Brastemp. E carrinho de compra sempre faz uma bagunça. Por aqui não pois quem pega um para utilizar precisa "pagar" para isso tendo o dinheiro de volta no moemnto da devolução. Como? Os carrinhos ficam presos uns aos outros por meio de uma corrente com um gancho, como na foto acima. Para liberar-lo é preciso enfiar uma moeda de 1€. No final, para não perder dinheiro, a própria pessoa tem que levar o carrinho no mesmo lugar aonde pegou, enfiar o gancho na posição contrária e, ecco! , livre com o dinheiro na mão.
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Alguns podem pensar que 1€ não custa nada portanto pode abandonar o carrinho no estacionamento. Aí entra a questão mais interessante deste discurso, a mentalidade italiana. O povo da Bota vive o ditado "de grão em grão a galinha enche o papo" literalmente. Isto se reflete de forma tão natural no modo de viver que ninguém pensa em dar, a um cliente, bala como troco. Mesmo que seja apenas 0,01€ (as moedas funcionam muito bem!).
Isto porque aqui dinheiro têm valor. Para o italiano aquele dinheiro que se deixa para trás (no supermercado ou pagando estacionamento quando se pode usar bicicleta, por exemplo) significa uma quantia X que ele perde e que poderia ser usado para comprar uma roupa, pintar a casa, fazer uma viagem, trocar o pneu etc. E assim cada um sabe quanto realmente custa cada coisa.
E segue a vida.
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Ciao!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Parabéns!


A Idade de Ser Feliz, autor desconhecido

Existe somente uma idade para a gente ser feliz,
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-las
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo, nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar
e recriar a vida,
a nossa própria imagem e semelhança
e vestir-se com todas as cores
e experimentar todos os sabores
e entregar-se a todos os amores
sem preconceito nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem
em que todo o desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda disposição
de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,
e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente
chama-se PRESENTE
e tem a duração do instante que passa."


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Na infinitude deste dia, Auguri!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Bons e velhos hábitos

Depois de anos voltei a ler como antes. Estou cantando vitória pois consegui ler um livro de 419 em apenas dois dias e, o melhor de tudo, em italiano. Como num passe de mágica voltou minha leitura dinâmica justamente quando achava que não conseguiria ler como quando era uma adolescente. Que prazer descobrir que estava enganada. Confesso que livros em italiano eu li poucos. Não gostava da narrativa e tudo ficava tedioso até ser presenteada pela minha vizinha com um belo romance. A história passava na Rússica do século 17. Simples e encantador.
Para tirar o atraso já peguei dois livros para serem devorados nas duas semanas de férias que começam amanhã. Um é I sogni di mio padre, de Barack Obama, e o outro é Grande Amor, de Ann Brashares.
E por falar em férias, como estou em tempo de economia total, resolvi aproveitar para conhecer as cidades da Emilia Romagna e elegi Ferrara, Bologna e voltar novamente a Ravena. Caso ainda haja possibilidades dou um pulo em Roma. Talvez um final de semana, quem sabe!
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Ciao a tutti!