sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Inserimento cultural


Ultimamente tenho me confrontado bastante com pessoas que amam ou odeiam a Itália ou o Brasil. E quando começam a expor o seu ponto de vista, o discurso costuma ser ácido independente da situação. Geralmente são pessoas que viviam mal no Brasil e agora vivem o “sonho dourado” da Europa ou, no caso oposto, vivem mal na Itália e só se recordam das maravilhas tupiniquins. 
Eu me enquadro em qual parte? Naquela que entende que está vivendo outra cultura e aprendendo. Muitas coisas me parecem estranhas; com outras não sou de acordo ou acho um absurdo; enquanto que outras me surpreendem.
Vejo muita arrogância e prepotência nas argumentações dos dois grupos que citei. O filósofo alemão Johann Goethe disse certa vez que "Muitos são orgulhosos por causa daquilo que sabem; face ao que não sabem, são arrogantes". Sou de acordo com este pensamento e vejo que é justamente a ignorância que formenta tantos comentários amargos e contrários como se aqui ou lá tivesse somente o lado positivo ou negativo.
Duas situações que vivi para ilustrar o que escrevo. Caso 1. Sou amante da boa música brasileira. Apesar do meu inserimento quase tardio na área tive a oportunidade de descobrir esta arte tão bem representada por nossos cantores e compositores. Aqui na Itália sempre falei bem do assunto e, ex-assessora de imprensa na área cultural, sei do que falo (até onde posso). Uma dessas pessoas que odeiam o Brasil sempre faz um confronto, pois lembra/conhece somente o lixo indústria fonográfica. Em compensação, para esta, música boa é a italiana que têm cantores reconhecidos no mundo inteiro como Pavarotti (amo este generalismo...rs). Então que certa noite, num programa de TV italiana que faz um concurso para descobrir o novo talento musical infantil, o cantor Toquinho se apresentou junto com alguns das crianças. Garota de Ipanema, Aquarela do Brasil e mais outras duas músicas foram cantadas em italiano. A letra, o cantor e as vozes dos pequenos coroaram a apresentação. Do outro lado eu ouvi a pessoa dizer: ah, isso sim é música boa do Brasil. No que respondi: Mas é disso que venho te dizendo este tempo todo! No que me responde: Mas 80% dos brasileiros só gostam de ouvir porcaria. Goethe tinha razão. Depois desta, dá para continuar o discurso?
Caso 2. Dizem que homem é tudo igual, só muda o nome e o endereço. Não sou de acordo pois entre um homem italiano e um brasileiro existem muitas diferenças. Outro dia conversava com uma amiga, para quem o Brasil é um pedaço do céu, sobre uma qualidade do italiano quando este está interessado numa mulher. Fazia eu o meu discurso e fui interrompida por ela dizendo que eu não conhecia os homens italianos, que eles são estúpidos com as mulheres, interesseiros etc. Ao perceber minha face de pasma, me pediu desculpas dizendo: ah, você sabe que sou apaixonada pelo Brasil, que sempre será melhor para mim, que entre um italiano eu vou preferir 100 vezes um brasileiro. Não resisti e disse: o que posso dizer é que você não saber ser racional, é somente passional, pois uma coisa é amar o Brasil, outra coisa é não conseguir ver qualidades na Itália. O assunto prosseguiu com ela recolocando a frase.
Acredito que um dos motivos de viver feliz aqui na Itália, apesar de não estar no paraíso e passar por muitos perrengues, é que escolhi me inserir na cultura italiana sem esquecer jamais que sou brasileira e com muito orgulho. Meu olhar é de quem observa e também critica, mas acima de tudo, de quem aprende. Qual é a graça de viver a vida achando que sabe tudo? No curso de jornalismo estudamos que uma questão sempre pode ser vista sobre diversas formas e existe o outro lado, a outra versão. Eu escolhi ver a diferença cultural com curiosidade de quem quer descobrir o porquê daquilo ser assim ao invés de achar simplesmente estúpido, feio, ruim ou não. Claro que não dá para ser inocente, mas isso é em qualquer lugar.
No final, melhor mesmo é ser um eterno aprendiz da vida. Independente em qual parte do mundo e da língua que esteja falando.
Para encerrar o assunto, deixo uma música (claro) O que é o que é que diz o que eu penso e canto sempre: viver e não ter a vergonha de ser feliz/ Cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz/ Eu sei que a vida poderia ser bem melhor e será/ Mas isso não impede que eu diga/ Que é bonita, é bonita e é bonita! 
Clica no vídeo e ouça na voz da grande Maria Bethania acompanhada das estupendas Miúcha (salve) e Nana Caymmi (salve). Letra do mestre Gonzaguinha.


quinta-feira, 6 de outubro de 2011


Sempre atraí a atenção das pessoas porque tenho duas características marcantes: sou guerreira e sei vibrar. Vêem em mim uma força que às vezes eu penso ser fantasia alheia; depois olho e vejo que ela existe realmente. E procurei a raiz desta e vejo que a minha fé em Deus me leva além daquilo que penso ser capaz. Depois, sempre tive o hábito de admirar os vitoriosos. Ler autobiografia sempre me fascinou. Saber como aquelas pessoas se tornaram uma referência alimenta a minha crença de que “elas conseguiram, eu também consigo!”. E hoje um destes personagens finalizou o seu percurso e deixou a “maçã” realmente sem um pedaço. Steve Jobs, com ele aprendi: não seja um gigante, seja um aprendiz!

"Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar - caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração." - (Steve Jobs, 1955-2011)

Veja todo o discurso abaixo.