sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A TV que (des)educa

Inspirada neste post da Flavia Mariano, hoje vou falar sobre a TV italiana.

Nos auros tempos da faculdade ouvia alguns professores dizendo que a TV européia (com ou sem acento?) tinha uma péssima qualidade, com exceção da BBC londrina. Eu não conseguia acreditar pois, como muitos brasileiros, sempre pensava que o que vinha da Europa tinha uma qualidade, digamos assim, superior. Quanta ignorância! Foi necessário chegar a "Bota" para ver que o mito, da falta de qualidade televisiva, era real.

A Itália tem vários canais de TV aberta. Três pertencem ao primeiro ministro italiano, Sílvio Berlusconi. De cara você percebe que os canais são usados como instrumentos políticos.
Abre parênteses.
Berlusconi consegue ser pior presidente que o Lula e o G.W. Bush. Este assunto fica para outro post!
Fecha parênteses.

Para não me estender muito, de modo geral è assim que a banda toca aqui. E digo logo que não è no ritmo da tarantella. Quem busca algo diferente para assistir, mudar de programação é passar raiva. De um canal para o outro, o que troca é apenas apresentador. Os formatos são os mesmos. As manhas são preenchidas com uma simulação de audiência de júri. Funciona assim. Duas pessoas, que tem uma questão jurídica, vão ao programa apresentar seu problema a um juiz que ouve as partes. Quando este se retira para pensar o assunto, e depois retornar com um veredito, a plateia (agora sem acento) inicia o debate. É o momento do show de aberrações. Se já não fosse o cúmulo uma pessoa ir a TV e se expor desta forma, ainda tem um grupo fixo que se apresentam para questionar/discutir a causa. As banalidades ditas são incríveis.

2° abra parênteses.
Entre aqueles que estão nesta plateia há um brasileiro. A figura pinta o Brasil como o país mais justo que existe na face da terra. Em uma causa, uma italiana queria um ressarcimento de seu ex companheiro, um africano, porque, segundo ela, o relaciomento que os dois tiveram afastaram-na de sua família que era contraria ao casamento dos dois. O motivo era a cor do homem. Entre as excentricidades do brasileiro, ele foi capaz de dizer que no Brasil não havia este tipo de preconceito! Qual Brasil que ele se referia? Só pode ser aquele que é escrito com Z, braZil. Naquele em que eu sou nata, o racismo é tão grande que é necessário leis para proteger pessoas da raça negra.
Fecha parênteses.

A presença quase obrigatória de uma plateia è uma marca registrada dos programas italianos. Em outro canal, tem um que faz cotação do preço de comida pelo país. Para cada abobrinha, repolho, limão, laranja, peixe etc, que o apresentador fala, vem seguido de aplausos. E a música ridícula que são feitas em homenagem a comida?

Algumas apresentadoras dominam o horário da casa. No Canal 5 (do tio Berlusconi), Barbara Orso (não sei se é assim que se escreve o nome) tem programação fixa de manhã e a tarde. O assunto è falar de celebridades, futilidades e as outras "dades" possíveis.

Eita, ia esquecendo das narrativas de futebol. Dá sono. Nenhuma emoção. Tudo bem que Galvão Bueno è enjoativo mas posso garantir que é melhor.

Tudo "muito" informativo a ponto de proporcionar um questionamento/debate intelectual compreensível a Homer Simpson.

E o jornalismo? Ah, vamos deixar isto para outro post porque a historia é longa.

Bacio

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Estranhamente não procurei fazer nenhum texto sobre o Natal nem de Ano Novo. O dia 25, apesar de não ser uma data especial para mim, passei com a família com a qual eu moro. Aqui na Itália não se tem a tradição de fazer a ceia após a meia noite. Na Bota, se faz um almoço com a família. Mais uma vez eu me deliciei na culinária italiana. Meu chefe ama cozinhar. Sabe aquela coisa de homem que assume literalmente as panelas? É o próprio. O resultado foi espetacular. E para levar um pouco do Brasil, portei uma rabada. Eu sei, não tem nada a ver com o data mas eles queriam comer a danada. Particularmente, ficou maravilhosa.

A sensação de passar este dia longe de casa, pela primeira, não me fez mal. Afinal, estou com pessoas que realmente gosto. Porém, o reveillon foi diferente. Entendi toda a extensão da palavra saudade. Na virada do ano, após a vigília na igreja, a minha casa fica cheia. É muito bom. Chorei muito por não estar lá. Meus pais, meu irmão, cunhada, tios, primos, filhos, papagaio, cachorro, periquito e o peixinho. Tudo junto. É uma grande diversão e confusão. Algo digno da Grande Família.

Em compensação, na virada de ano ganhei um presente maravilhoso. NEVE. Tudo bem, já tinha visto. Porém, desta vez, me senti dentro de um filme. Após os fogos de artifícios, os flocos de neve começaram a cair e formar aquele cenário que sempre vemos no cinema. Para quem é acostumada com o calor brasileiro, este momento foi mágico.

Penso que a passagem do ano seja muito mais que uma coisa do calendário. É uma prova viva que as coisas não param. Que mesmo aos trancos e barrancos ou uma aventura e outra, tudo passa e muda. Olhar e entender o que acontece, mesmo que seja necessário segurar ou enxugar lágrimas, nos permite planejar com a realidade. E é assim que me vejo agora. Me arriscando em fazer uma lista com dois ou três itens para serem realizados neste ano. Claro que haverá tantas outras coisas para fazer, aprender e desprender mas serão estes itens que me nortearão durante este ano na Itália. E se alguém lê este blog, fica o convite para fazer uma lista ou, talvez, fazer apenas uma anedota de uma coisa importante para realizar em 2009. Ser realista com os objetivos ajudaram a manter o foco. Para finalizar o assunto lembro apenas que as pessoas mais desistem do que fracassam. Por isso, muita determinação, fé, saúde, paz e sucesso neste novo ano.

Feliz 2009!!!!



Foto: Foi assim que iniciei o ano de 2009.