segunda-feira, 30 de março de 2009

Você sabe abrir portas?

Com pouco tempo morando na Itália ouvi minha prima dizendo que ela era uma pessoa que sempre abria portas, jamais fechava. Referia-se ao fato de sempre aceitar as novas oportunidades que surgiam. Estas poderiam vir em forma de novos conhecidos, propostas de emprego, lugares para conhecer etc. O fato é que o "abrir portas" ficou na minha cabeça.

Gostaria de ter um artigo científico para citar sobre o assunto mas não tenho. O que tenho é apenas a experiência própria de vida que gostaria de compartilhar. Sem saber, ao longo dos meus 32 anos de vida, eu tenho aplicado a teoria da minha prima no meu dia-a-dia. Antigamente eu chamava de Síndrome de Polyana (já leu este livro?), porém hoje eu sei que é o meu desejo de ir avante e não esperar que alguém faça por mim pois pode ser que ninguém o faça.

As vezes eu vejo as pessoas sofrendo com as suas vidas, como estão infelizes com as suas escolhas mas não conseguem mudar. Será que realmente tentaram? As pessoas mais desistem do que fracassam, dizia um amigo. Meu início profissional foi complicado. Somente depois de fazer minha pós que conseguir entrar no mercado. E quando entrei, recebia um salário de estagiário. Claro que sentia raiva mas aí eu lembrava que, embora com uma especialização, eu não sabia nada. Assim, quem ganhava era eu pois iria realmente aprender. E, para minha sorte, quem foi minha "guia" é uma super profissional da área com passagem em grandes jornais e revistas brasileira. Depois de dois anos, eu vivia a fase cisnei do patinho feio. Havia aprendido e o meu nome era reconhecido.
Então resolvi que era hora de encarar um desafio maior e mudar para Itália. Para vir para cá eu me preparei por 2 anos. Juntei dinheiro, pensei em qual seria o meu objetivo aqui e no que teria que aceitar para viver o meu projeto. Em nenhum momento o trajeto foi fácil. Juntar dinheiro significava abrir mão de passeios, sair com amigos, roupa nova, salão todos os finais de semana, aquele livro que custava acima dos demais... Mas eu tinha um alvo e era preciso focar nisso para não me perder. Ao chegar na Bota, sem falar nada de italiano, comecei a trabalhar como badanti. Humilhante para uma jornalista? Não para mim. Era a oportunidade de viver com uma família italiana (maravilhosa), aprender a língua, ter tempo para viajar e não me preocupar com o dinheiro. Foi outra porta que abri.

Aqui, vejo brasileiros que mais fecham portas do que abrem. Como o caso de uma conhecida que estava tirando a cidadania e não poderia trabalhar, conseguiu um emprego e o perdeu porque se achava no mesmo direito que os italianos. Fechou uma porta e voltou para casa. OBS.: Não quero dizer que brasileiro tem que abaixar a cabeça no exterior mas sim se colocar no seu lugar. Quem não sabe a língua, consegue um emprego com todas as vantagens que os demais mas mesmo assim se sente explorado não tem condições de viver fora do Brasil.

Existem portas de diversas formas e fechaduras. Entender isso e usar a melhor forma para abri-las é uma questão de escolha. O que vem depois não diz respeito a sorte e sim na forma como você vai lidar com tudo isso. Exceto nos dias de TPM, eu estou contente com as portas que abri. E você, sabe abrir portas?

6 comentários:

Ana disse...

Que lindo, nossa Claudia eu cheguei a ficar espantada. Pois essa noite sonhei que estava em Paris (não ria) hehe e que tinha ido com uma prima, mas eu já tinha meu carro minhas coisas, e lembro vagamente de estar falando com minha mãe no telefone que minha prima queria voltar e eu citando que ela não aceitava as oportunidades que apareciam que queria começar do alto.Que sonho hein!
Depois venho e leio isso.
Bom, não sei como eu seria, sei como sou aqui na minha terra, procuro passar por onde as portas vão se abrindo, a vantagem de ser a nossa casa é que as vezes me dou ao luxo de escolher a porta pela qual vou entrar.As que estão fechadas persisto até que elas abram, caso não vou em outras portas buscar conhecimento depois volto bater naquela que estava, não mais fechada.
Mais quero muito me formar me estabilizar e viver em outro país.
Sei que não será fácil, mas vou com a consciência de que não será, e dará tudo certo.
Bom saber da sua história, um exemplo :)
Conte-me mais ...

Depois dos 25, mas antes do 40! disse...

Ei querida! Adorei o post e vou roubar uma frase que será o post de sexta ou segunda. Posso, não posso? Dou o crédito.

O texto ficou legal e dá aquela sacudida que a gente precisa de vez em quando para seguir em frente.

Fico feliz por suas conquistas e parabéns pelos 32 anos!

beijocas

Mariachiquinha disse...

Oi!!!!!!!!!!!!!!
Vim retribuir a visita.

Nunca parei para pensar se eu abro ou não portas. Talvez em alguns momentos eu abra, noutros ...
Vou prestar mais atenção em pequenos detalhes que fazem diferença.

Dri - Everywhere disse...

Oi Clau!
Menina, adorei o post!
Acho que penso como voce tambem, e com certeza sei que sou uma pessoa "abridora de portas" na vida!
Tambem sou bem objetiva, sei oque quero da/para minha vida, e gracas a DEUS ateh hoje, apesar dos altos e baixos, sempre tive a vida que sonhei - no sentido de viver a vida sendo sempre feliz (e nao materialmente).
A vida eh de quem sabe viver!

Bjs
Dri

Ana disse...

Olá, tudo bem? Adorei seu post e adorei seu blog, vc realizou um sonho antigo meu que é morar na Itália, eu fiz italiano por dois anos mas acho que só vou para visitar mesmo, morar por enquanto não dá. Auguri! Ana

Martinha disse...

Que lindo post! Dá uma sacodida na gente, tipo "ei acoorda pra vida"
Gostaria de ter a sua coragem de largar tudo aqui e se jogar no mundo, correr atras do seus objetivos, passar por dificuldades, mas mesmo assim ser feliz, dia-a-dia.
Um beijo enoooorme, fica com Deus!