domingo, 23 de agosto de 2009

Resolvi escrever uma carta. Quanto tempo não faço isso. Será para mim mesma, daqui a 10 anos. Muitas coisas acontecendo na minha vida e gostaria de relembrar, futuramente, com detalhes deste momento.
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Ciao Cláudia!

Esta é a primeira carta que escrevo para você. O nosso tempo é diferente. Estamos separadas 10 anos uma da outra. Amanhã você estará embarcando para aquela que promete ser uma das melhores férias da sua vida. A emoção é forte pois vai conhecer Roma, Pompéia, Nápoles, Capri e Caserna. Esta última foi uma dica de último momento. No último mês se dedicou a pesquisar o roteiro, levantar hipóteses, saber o que vale a pena fazer, o que descartar. Encontrou tantas possibilidades que fez a tua habitual ansiedade ir ao cúmulo do absurdo. Agora são 22h32 e ainda falta terminar de arrumar todas as coisas, inclusive fazer a escova e não sabe se vai dar tempo.

É, você ainda é muito ansiosa. A possibilidade de fazer alguma coisa que tanto deseja te desestabiliza. Além desta viagem, a busca por uma bolsa para o master tem tirado o seu sono. Tempos atrás o que tirava o seu sono eram os shows dos eventos de assessoria que era responsável. Agora, voltou a acordar no meio da madrugada pensando se vai conseguir ou não a tal bolsa. Se houvesse um telefone entre nós duas, eu te ligaria para saber o que vai acontecer. Aproveitaria também para perguntar o número da loto italiana. O prêmio de ontem foi de 148 milhões de euro. Uma fortuna.

Na verdade, você se sente fortunada pois está vivendo o que sempre desejou. Atualmente não gosta do que faz mas gosta da vida que tem na Itália. Onde será que você está agora neste 10 anos depois? Está feliz? Se sente realizada? Tem algo que eu deveria fazer diferente para não me arrepender? Estou fazendo as escolhas certas?

Não sei como você é agora, mas hoje vive a transição aproveitando a maturidade. Algumas coisas estão entrando no eixo. Nos últimos dias você tem observado que ser solteira é bonito. Que, talvez, casar não seja tão essencial assim. Ter filhos ainda continua na lista mas a dificuldade para educar uma criança coloca um ponto de interrogação na sua cabeça.

Já fazem 17 meses que você saiu de casa. Não se sente mais a menininha do papai. Sabe que pertence ao mundo. Ainda não encontrou um lugar para chamar de seu. Porém sente falta da família. Por telefone e fotos vê àqueles a quem ama seguindo o rumo de suas vidas e você não está nelas, ao menos diretamente.

Espero que tenha orgulho de mim, do que estou fazendo hoje. Daqui a 10 anos vou saber.

Baci e arrivederci!


Um comentário:

Jane disse...

Isso me lembra as cartas que escrevo a Deus em toda virada do ano. Sempre atrasada, diga-se de passagem. A deste ano eu ainda nao escrevi!