Somente vivendo em um país é possível conhecer realmente a sua cultura. Morando na Itália eu me inseri na cultura da boa mesa, ou seja, culinária (mediterrânea principalmente) e vinhos, pouco menos neste último. O que mais me encanta é a simplicidade da comida e como ela nos satisfaz. Diferente do Brasil, em que colocamos no prato todas as comidas juntas, do lado de cá se come tudo separadamente e em pratos diferentes. A rigor, e nesta ordem, os italianos comem a entrada (algo leve para abrir o apetite), o primeiro e secundo prato (massa e carne), o contorno (saladas ou verduras), a sobremesa (doces ou frutas) e para finalizar o caffé.
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Na Itália comer bem é quase uma religião. Claro que não é todo mundo que cozinha uma maravilha. Nem são todos os restaurantes que fazem algo digno para se chamar de italiano. Porém uma coisa é certa, com o povo da bota você senta à mesa em determinado horário e levanta, no mínimo, três horas depois. Isso num restaurante, em casa entre comida, bebida e boa conversa se passam tantas e tantas horas.
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Em cada região tem seus pratos marcantes. No sul a comida é mais marcante, com mais temperos e frituras. No norte, é mais sutil ao paladar. Tenho maior preferência pela primeira principalmente pela culinária da região da Puglia. Comer pasta é tão normal como o nosso arroz e feijão. A diferença é que existem muitas formas de pasta. Engorda? Da forma como eles comem, não. E não me refiro na quantidade e variedade mas sim no preparo de cada prato. Enquanto no Brasil temos uma “explosão de samba” na nossa boca com a mistura de temperos, aqui cada prato tem o seu gosto. Já provou um fusilli com abobrinha e queijo parmesão ralado na hora? Simples de fazer o prato é um espetáculo pelo o adocicado que a verdura solta com o gosto forte do queijo. Uma combinação perfeita. Para completar apenas algumas pitadas de sal e pimenta do reino.
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É isso que me encanta na comida italiana. Aqui se pensa na combinação dos elementos para preparar a comida. A intenção é de sentir o gosto do que se come e não simplesmente dos temperos. E, se você ainda não esteve aqui, não pode imaginar como é bom. Assim eu aprendi a comer muita coisa crua. Enquanto vou preparando as verduras, belisco o que estou cortando: a cenoura que é doce e crocante, abobrinha verde, funghi, ervilha fresca, vagem, salsão, pimentão, aspargo, radicchio etc. Aprendi a usar pouco alho e sal. Hoje faço festa com hortelã, coentro, salvia, louro, rosmarino, salsinha. O resultado são elogios absurdos para a comida.
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Com o passar do tempo percebo que meu paladar enriqueceu e mudou. Continuo amando a comida brasileira, os nossos temperos e maluquices gastronômicas mas foi somente vivendo aqui é que eu comecei a valorizar os ingredientes e a preparação de cada prato. Um desafio para quem estiver lendo este post. Tente cozinhar sem alho, diminua o sal, use somente azeite extra virgem de oliva e abuse dos temperos citados (no máximo dois por comida) e procure sentir o gosto do que coloca na boca. Ah, não vale colocar calda Knorr.O resultado vai ser algo tão maravilhoso como este prato de espaguete com camarão que preparei no verão passado. Acredite, ficou de comer de joelhos. E buon apettito a tutti!
2 comentários:
Ah Claudia!
Toda vez que viajo para a Italia eu engordo um pouquinho. A comida é maravilhosa e eu não consigo resistir.
Mas é verdade o que você diz: na Italia eles preparam a comida com muito cuidado e é por isso que fica tudo tão saboroso.
Me deu saudades!
Bjs.
Elvira
Vivendo e comendo na Puglia vc diz que nao dà pra engordar???? Impossivel nao engordar, mas é impossivel nao comer...
: )
Alexandre
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